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Barómetro da Pobreza

Cáritas. Números da pobreza em Portugal são "assustadores"

06 set, 2023 - 10:54 • Redação

Rita Valadas alerta que instituição tinha famílias doadoras que agora precisam de ajuda.

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A presidente da Cáritas portuguesa, Rita Valadas, considera assustadores os números divulgados, esta quarta-feira, pelo primeiro Barómetro Europeu sobre Pobreza e Precariedade. Em declarações à Renascença, Valadas explica que os números agora conhecidos são inéditos e que há cada vez mais pessoas em situação de pobreza.

"Não é de estranhar que as pessoas que começaram - já há muito tempo e com crises sucessivas - a encontrar soluções alternativas para cortar tudo quanto podiam cheguem a este ponto. É assustador porque, de acordo com o estudo, 50% das pessoas não têm capacidade para pagar as suas despesas mensais. Nós, neste momento, estamos a falar de 50%. Nós nunca falamos de 50% de pessoas em situação de pobreza", alerta.

A presidente da Cáritas realça que os indicadores presentes no Barómetro revelam "pessoas que têm vindo a ver a sua capacidade de reagir a estas crises sucessivas, aos encontrões que levam na capacidade de usar o seu rendimento para pagar despesas que são, cada vez mais, de primeira necessidade. E são novas, não são as mesmas pessoas", esclarece.

Os dados do barómetro revelam que quase metade dos europeus desistiram de aquecer as suas casas no inverno, devido a uma situação económica difícil. Por outro lado, os países onde se sentem mais dificuldades também são mais solidários. É o caso de Portugal, onde 84% dos inquiridos mostra-se disponível para ajudar pessoas que vivem na pobreza. Rita Valadas lembra o período de pandemia, onde a solidariedade dos portugueses foi fundamental no apoio às dificuldades sentidas.

"Nós somos um país absolutamente fantástico no que diz respeito à solidariedade. Durante o tempo de pandemia houve um aumento de solidariedade que foi importantíssimo, porque o setor solidário foi inquestionável no apoio e na resolução das situações mais difíceis."

"Tínhamos famílias que eram doadoras e que estão, neste momento, a passar dificuldades"

A presidente da Cáritas distingue as estatísticas da realidade que diz ver na rua. Designando-se "técnica do terreno", considera que, "se olharmos só para os números, se calhar conseguimos fazer uma estatística bonita". "Mas eu sou técnica do terreno e as pessoas não saíram da situação".

Rita Valadas esclarece que o setor social não está a ser capaz de retirar as pessoas da situação de pobreza.

"Tristemente - eu gostava muito de não ter que dizer isto, mas o que nós estamos a falar são pessoas de quem o setor solidário cuida, não retirando da pobreza porque não conseguimos sair da emergência."

A dirigente dá o exemplo da campanha "inverter a curva da pobreza", que a organização humanitária lançou em 2020 e mantém a decorrer, que ficou "muito àquem das necessidades".

Valadas alerta, ainda, que o estrangulamento financeiro das pessoas está a comprometer as doações e a dificultar o trabalho do setor solidário.

"Os donativos já vêm sendo cada vez menores. Nós temos famílias que eram doadoras e que estão, neste momento, a passar dificuldades, para as quais nós tivemos de encontrar soluções, porque elas próprias também estão em situação de risco", remata.

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  • JM
    06 set, 2023 Seixal 14:21
    Ponham o PSD a governar o burgo que no ano a seguir é tudo a comprar Teslas, alugar ou comprar casa para viver, acaba-se logo a pobreza. Aliás, o tipo que agora está à frente do partido é o mesmo que fez parte de um governo em que era preciso ir para além da Troika, ficar desempregado era uma oportunidade na vida convidando os portugueses a emigrar. Houve os que ficaram sem emprego, sem casa, sem família e em desespero acabaram com a vida, sem uma única ajuda do governo. Mete nojo tamanha hipocrisia.

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