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Novos imigrantes brasileiros em Portugal são de grandes cidades e têm entre 20 e 40 anos

15 out, 2023 - 10:55 • Lusa

"Os próprios brasileiros que já migraram, criam canais no youtube, para falar "vem para cá, aqui é ótimo, aqui tem tudo", diz a coordenadora da plataforma de dados de Brasileiros no exterior.

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A crescente vaga de migração brasileira em Portugal vem predominantemente das grandes cidades, em família, de várias classes sociais e tem entre 20 e 40 anos, disse à Lusa a coordenadora da plataforma de dados de Brasileiros no exterior.

"É uma população altamente heterogénea, com condições sociais e económicas muitas impactadas pela situação que elas tinham no Brasil e que elas encontram em Portugal também", explicou à Lusa Camila Escudero.

Além disso, há uma tendência de "migração não só da pessoa, mas da família toda, com filhos ainda pequenos", sublinhou, estimando que a "faixa etária está entre os 20 e os 40 anos".

No início do fluxo migratório brasileiro, na década de 1990, a maioria dos brasileiros migrantes era proveniente "das pequenas cidades, do interior", só que hoje "verifica-se a saída das grandes cidades, das capitais", explicou à Lusa Camila Escudero.

Em 2013, segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), a comunidade brasileira em Portugal cifrava-se em 92.120 pessoas e já era a principal comunidade estrangeira residente.

Uma década mais tarde esse número quadruplicou: Numa resposta enviada à Lusa em setembro, o SEF precisa que 393.000 cidadãos brasileiros residem em Portugal, com maior incidência nos concelhos de Lisboa, Cascais, Sintra, Porto e Braga, sendo que no final de 2022, viviam em Portugal 239.744 brasileiros.

Este número não abrange as pessoas com dupla nacionalidade.

A professora da Universidade Metodista de São Paulo, responsável pelo projeto criado em 2022 com a missão de sistematizar, organizar e dar visibilidade aos dados que envolvem a presença de brasileiros no exterior, detalhou que, ao contrário das migrações anteriores, o desejo de regressar ao Brasil é "menos explicito".

"As pessoas vão e se der certo vão ficando. Existe a ideia de regressar mas isso é menos explícito", sublinhou, acrescentando que no caso de Portugal há também um entendimento do país "como uma porta de entrada para outros países da Europa".

"Em Portugal a gente ainda não percebe essa intenção de regresso", frisou.

A investigadora, que reconhece existir falta de dados sobre a matéria, visto que muitos brasileiros emigram sem notificarem as autoridades locais, afirmou que "o trabalho e a busca por uma vida melhor são fatores predominantes de motivação, desse tipo de emigração" e que esta comunidade procura "condições de vida melhor no que diz respeito à segurança e educação".

Há também um crescimento dos brasileiros com um nível de escolaridade superior, em relação às migrações anteriores, disse, referindo-se à nova comunidade brasileira em Portugal, a segunda maior do mundo fora do Brasil, só atrás dos Estados Unidos, que acolhe quase dois milhões de brasileiros.

"Muitas pessoas vindas de classe média/alta aqui do Brasil, que têm alguns recursos financeiros para se manter em Portugal, ainda que não tenham licença para trabalhar nas suas respetivas áreas de formação", sublinhou.

Camila Escudero analisou ainda as diferentes motivações das classes sociais.

Se nas classes mais baixas a razão é económica, "nas classes mais altas, principalmente, é melhorar a qualidade de vida no que diz respeito à segurança", à educação e "a própria localização de Portugal, que é estratégica na Europa".

Uma novidade nos últimos anos da comunidade brasileira é "um protagonismo da mulher".

No caso das classes mais baixas, explicou Camila Escudero, a mulher "vai para poder ter uma vida melhor e sustentar a família que tem aqui no Brasil".

E nas classes mais altas, numa questão de "independência e empoderamento feminino", considerou.

Quanto às migrações que depois acabam por não correr como o esperado, a investigadora afirmou que "com a popularização ao acesso das tecnologias de comunicação" uma franja da sociedade brasileira acaba por emigrar sem a preparação necessária e muitas vezes com falsas esperanças.

"Em relação aos migrantes, principalmente de classes mais baixas, que saem do Brasil com um sonho, têm pouco acesso à informação e quando têm acesso é uma informação enviesada", disse.

"Os próprios brasileiros que já migraram, criam canais no youtube, para falar "vem para cá, aqui é ótimo, aqui tem tudo" e isso "tem um impacto e um imaginário grande na pessoa", afirmou, apelando a uma migração ordenada, planeada e consciente.

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  • Sara
    16 out, 2023 Lisboa 06:37
    É mau, vem para cá aceitar ordenados vergonhosos, alimentar os mesmos de sempre, Portugal ainda está bom, e dizem que contribuem para ajudar o país, mas não, descontam muito ahahah, as pessoas que não se esqueçam que quando houve a crise 2008 foram os portugueses com os seus aumentos brutais de impostos que levaram isto para a frente, os outros puseram se todos a andar, não respeitam ninguém, falam mal dos portugueses a toda a hora, estão sempre a por vídeos no Instagram, a gravar tudo sem permissão, provocam situações mas so gravam a resposta do portuguesinho.
  • EU
    15 out, 2023 PORTUGAL 12:56
    De quando em quando desloco-me até à cidade do Porto. Uma rua que não posso deixar de visitar é Santa Catarina e toda a sua envolvente. Quando chega a hora de lanchar costumo ir até ao Escondinho na Passos Manuel, mas agora está em obras. Subo até à Praça dos Poveiros e paro por lá. Tenho várias opções, mas como VELHO conhecido da casa Guedes, é por lá que saboreio as sandes de pernil com queijo da serra ou a francesinha. Esta já esteve melhor, mas as modernices........ A Praça dos Poveiros está transformada em ESPLANADAS, e ainda bem, pois quem quiser APRENDER línguas é melhor estar por ali do que nas Universidades, é mais barato. As casas Guedes tinham meia dúzia de Funcionários, mas agora por TURNO, só uma, tem o dobro. Os Funcionários que exercem funções naquela Praça são na sua grande MAIORIA de nacionalidade Brasileira. São simpáticos. São afáveis e RÁPIDOS no atendimento. Menciono este local para o comparar com as esplanadas nas Portas de Santo Antão em Lisboa. Depois de passear pela BAIXA(?) de Lisboa, vou sempre desaguar lá. Encontro SEMPRE um trato diferente do que no Porto. Se quiser apenas refrescar-me com uma bebida, logo ouço, " aqui não, aqui é só para refeições ". E a diferença é que na Praça dos Poveiros, para além de ser BEM recebido, aprendo LINGUAS e na Portas de Santo Antão, para além de se ESCURRAÇADO, aprendo uns CERTOS palavrões. Resumindo, é verdade que andam por cá MUITOS Brasileiros e ainda BEM.

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