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"Resultados muito animadores"

Lúpus. Investigação portuguesa identificou mecanismo responsável pela doença

10 mai, 2023 - 10:00 • André Rodrigues

Equipa do consórcio I3S vai receber uma bolsa de 280 mil euros para desenvolver um tratamento para o lúpus. Passada a fase de experiência em modelos animais, poderão estar reunidas as condições para testagem em doentes dentro de cinco anos.

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Uma investigação científica feita em Portugal poderá revolucionar a abordagem terapêutica ao lúpus, uma doença inflamatória crónica de origem autoimune.

Em causa está o mecanismo que leva ao aparecimento da doença: “verificamos que nos doentes com lúpus, em particular os desenvolvem inflamação no rim, a superfície das células do rim apresenta uma estrutura de açúcares – os glicanos – que não deveriam lá estar e que aparentemente confundem o sistema imunitário, o que desencadeia uma resposta pró-inflamatória de tipo autoimune, que leva à patologia”, como explica à Renascença Salomé Pinho, coordenadora da missão científica do I3S.

Esta investigação foi premiada, já este ano, pela Lupus Research Alliance, nos Estados Unidos, tendo sido o único projeto europeu a merecer essa distinção.

O trabalho foi, também, publicado na Science Translational Medicine, uma prestigiada revista científica norte-americana.

“Os resultados são muito animadores, no sentido em que conseguimos reprogramar esta alteração para um lúpus normal”, acrescenta Salomé Pinho.

A equipa do I3S vai receber uma bolsa de 280 mil euros para desenvolver um tratamento para o lúpus.

Passada a fase de experiência em modelos animais, a coordenadora desta investigação diz que, “em cinco anos contamos ter a solidez destas evidências para que possamos avançar para um ensaio clínico com testagem em doentes”.

Um denominador comum?

A investigação pretende ir ainda mais longe e perceber se este mecanismo que desencadeia a resposta inflamatória do lúpus é o mesmo que ativa outras doenças autoimunes, como a Doença de Crohn ou a artrite reumatoide.

Salomé Pinho refere que “a vasta maioria das doenças autoimunes se caracteriza pela incapacidade do sistema imunitário de distinguir o próprio do não próprio” e que um dos objetivos seguintes desta investigação é perceber se este mecanismo é comum a outras patologias autoimunes.

“Nós estudamos, por exemplo, a doença inflamatória do intestino, a Doença de Crohn, a artrite reumatoide como doenças onde estamos a tentar perceber se este mecanismo é um denominador comum de várias doenças autoimunes”.

O lúpus é uma doença autoimune que, números estimados, afeta até 10 mil portugueses, sobretudo mulheres entre os 18 e os 55 anos.

Esta quarta-feira é o Dia Mundial da Doença de Lúpus.

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