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Rui Nabeiro. Começou a despedida do homem que levantou Campo Maior do chão

20 mar, 2023 - 17:32 • Fábio Monteiro

Cerimónias fúnebres do fundador da empresa Delta começaram esta segunda-feira. O legado de Rui Nabeiro está bem patente em toda a vila e cada habitante tem uma história com o comendador.

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Cerimónias fúnebres de Rui Nabeiro. Reportagem de Fábio Monteiro
Reportagem de Fábio Monteiro

Em cada rua, recanto, casa ou estabelecimento de Campo Maior uma memória de Rui Nabeiro, o fundador da empresa Delta, que morreu no sábado, aos 91 anos.

Campo Maior ficou mais pobre, perdeu Rui Nabeiro, o homem que ajudou a levantar do chão e a colocar no mapa a pequena vila colada quase à fronteira com Espanha.

“O Sr. Rui gostava de vir aos domingos, tomava o café, por volta das 10h00, e qualquer pessoa que tivesse um problema vinha aqui ter com ele, para lhe pedir. Ele às vezes já dizia: ‘hoje é domingo, durante a semana podem-me pedir o que quiserem, mas hoje é domingo’, conta Maria João Monforte, funcionária do café/supermercado “Alentejo”.

Durante muitos anos, aos domingos, o empresário fundador da Delta frequentou o café do supermercado “Alentejo”, situado bem no centro da vila.

Mais de 10 minutos de aplausos no adeus dos trabalhadores da Delta a Rui Nabeiro
Mais de 10 minutos de aplausos no adeus dos trabalhadores da Delta a Rui Nabeiro

Digerir a notícia da morte de Rui Nabeiro, aos 91 anos, foi por isso difícil para Maria João Monforte.

"Foi muito difícil para nós, porque foram muitos anos. É a nossa vida também. Se não fosse ele, Campo Maior também não era como é. Estamos no interior e era tudo muito mais complicado. Como ele dizia sempre: ‘temos sempre que ir para a frente’. E é verdade, ele conseguiu e, ao fim e a cabo, todos nós, porque se não fosse ele dar-nos trabalho, os nossos filhos não podiam ter uma formação diferente”, diz Maria João Monforte, recordando o legado deixado pelo comendador Rui Nabeiro.

Esta segunda-feira, os mais de 400 trabalhadores do grupo Delta prestaram homenagem ao fundador. O cortejo fúnebre que começou junto às fábricas em Campo Maior e depois seguiu para a Igreja Matriz.

João Canhoto, um jovem 23 anos, recorda um patrão de trato fácil: A primeira vez que me viu na fábrica, deu-me um aperto de mão, perguntou como é que eu me chamava e disse-me: ‘bem-vindo à fábrica. É bom ver coração novo dentro da fábrica’. E para ele foi uma alegria”.

Vitor Assunção, distribuidor da Delta há 37 anos, veio da Barquinha até Campo Maior para se despedir do homem que descreve como um segundo pai.

“Comecei a trabalhar por conta própria e dirigi-me à Delta. Contei-lhe a minha história e ele mandou logo levar café, foi uma pessoa impecável”, recorda. Vítor Assunção.

O funeral de Rui Nabeiro irá realizar-se na terça-feira. Até lá, as máquinas e as fábricas vão continuar encerradas.

Em mais de 20 anos, João Marcelo e Filipe Bicho, tio e sobrinho, ambos trabalhadores da Delta, não se lembram de qualquer paragem semelhante.

Na despedida ao fundador da empresa, orgulhosamente alentejana e portuguesa, que se transformou numa multinacional, os trabalhadores aplaudiram, o caixão com os restos mortais de Rui Nabeiro passou pela fábrica e os trabalhadores prestaram homenagem ao fundador, com uma salva de palmas de dez minutos.

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