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Militares recusam embarcar em navio da Marinha por razões de segurança

13 mar, 2023 - 20:21 • Lusa

Ação levou a Marinha a considerar que os 13 operacionais "não cumpriram os seus deveres militares, usurparam funções, competências e responsabilidades não inerentes aos postos e cargos respetivos".

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Mais de uma dezena de militares do navio NRP Mondego, que se encontra na Madeira, recusaram-se no sábado a embarcar para cumprir uma missão, invocando falta de condições de segurança.

Esta ação levou a Marinha a considerar que os 13 operacionais "não cumpriram os seus deveres militares, usurparam funções, competências e responsabilidades não inerentes aos postos e cargos respetivos".

"Estes factos ainda estão a ser apurados em detalhe, e a disciplina e consequências resultantes serão aplicadas em função disso", referiu a Marinha, numa nota enviada à agência Lusa.

De acordo com um documento elaborado pelos 13 militares em questão, a que a Lusa teve acesso, no sábado à noite o NRP Mondego recebeu ordem para "fazer o acompanhamento de um navio russo a norte do Porto Santo", numa altura em que as previsões meteorológicas "apontavam para ondulação de 2,5 a 3 metros".

Segundo estes 13 militares, o próprio comandante do NRP Mondego "assumiu, perante a guarnição, que não se sentia confortável em largar com as limitações técnicas" do navio.

Entre as várias limitações técnicas invocadas pelos militares constava designadamente o facto de um motor e um gerador de energia elétrica estarem inoperacionais.

Acrescia ainda, de acordo com os 13 militares, que o navio "não possui um sistema de esgoto adequado para armazenar os resíduos oleosos a bordo, ficando estes acumulados nos porões, aumentando significativamente o risco de incêndio".

Na nota enviada à agência Lusa, a Marinha confirma que o NRP Mondego estava com "uma avaria num dos motores", mas refere que a missão que ia desempenhar era "de curta duração e próxima da costa, com boas condições meteo-oceanográficas".

Aquele ramo das Forças Armadas refere ainda que o comandante do navio reportou que, "apesar das limitações mencionadas, tinha condições de segurança para executar a missão".

Segundo a Marinha, a decisão do comandante do navio foi feita apesar de o Comando Naval lhe ter dado liberdade para abortar a missão "em caso de necessidade superveniente".

A Armada sublinha que a "avaliação das prioridades das missões e estado do navio segue uma linha hierárquica bem definida e estruturada", sendo que "cabe apenas à Marinha, e à sua linha hierárquica, a definição de quais os navios em condições de cumprir com as missões atribuídas".

No que se refere às limitações técnicas do NRP Mondego, a Marinha refere que os navios de guerra "podem operar em modo bastante degradado sem impacto na segurança", uma vez que têm "sistemas muito complexos e muito redundantes".

"Essa avaliação, mais uma vez, pertence à linha de comando e à Superintendência do Material, enquanto entidade técnica responsável. Ambas as entidades não consideraram estar o navio inseguro para navegar", indica a Marinha.

Aquele ramo das Forças Armadas acrescenta ainda que "as guarnições dos navios são treinadas para operar em modo degradado, estando preparadas para lidar com os riscos inerentes, o que faz parte da condição militar".

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  • Álvaro Moeais
    14 mar, 2023 Oeiras 23:30
    Boa noite, É uma tristeza, como Sargento Ajudante SMAT "PQ" do Exército Português e já na Reforma tenho vergonha de alguém com responsabilidade atribuir missão ou missões a Militares sem que os meios para o êxito das mesmas não estejam a 100/💯 o seu nível de operacionalidade e exigente funcionamento. As "Pessoas" que mandam ou que parece não saberem mandar nem Comandar, devem respeitar os técnicos, sejam Eles Praças, Sargentos ou Oficiais. É uma realidade, eu próprio quando estava no Regimento de Vomsndos, cheguei a ter que aprontar colunas de viaturas, ligeiras, médias e pesadas em que muitas delas não tinham bateria operacional, capotas capazes e inclusivé peneus. Manifestava essa anomalia e como "só" era Sargento Ajudante mesmo que técnico, tinha que "arrotar" e lá seguiam todas as viaturas até que às páginas tantas, algures na 2@ circular o condutor da Daf X, deixava ir "a baixo" e o trânsito ficava um caos.... A maior parte dos cidadãos nem lhe passava pela cabeça a razão daquele filme... Tantas cenas destas, exigiam omeletes sem ovos... Se se reclamasse, mesmo que responsavelmente, éramos " queimados". É uma vergonha, apurem a verdade, se não houver razão punam mas se a razão estiver do lado dos "incompridores" responsabilizem severmente quem não merece estar nesses cargos... Que vergonha, servi orgulhosamente a Nação até que me foi possível, mas logo que me autorizaram vi-me embora revoltado com a decadência e desprezo que as nossas FA sofrem á longos anos. Haja saúde
  • Zémario
    14 mar, 2023 Lisboa 15:23
    Engraçado dizerem que o a missão era de curta duração e perto de costa quando a verdadeira missão principal dos navios, tanto nos Açores como na Madeira e continente é busca e salvamento e fiscalização, está era só mais uma de outras dos 500 dias de empenhamento do navio. Havendo um naufrágio ou alguém em pedido de socorro a 200 milhas, quem iria já que o navio apesar estar nas condições descritas tinha condições, iria estar mesmo. Cada vez os navios têm menos condições de segurança, de manutenções, e as missões continuam a ser as mesmas, havendo cada vez mais casos recorrentes de alagamentos fugas, falta de manutenção grave, e quando houver uma desgraça, a culpa nunca será de quem está na sua secretária a programar o banquete da próxima quinta feira.
  • Cidadao
    14 mar, 2023 Lisboa 12:07
    Citando... "as guarnições dos navios são treinadas para operar em modo degradado, estando preparadas para lidar com os riscos inerentes, o que faz parte da condição militar". fim de citação. Sim: porque não se atiraram à água e seguiram o navio russo a nado? Mais a sério, que faz uma unidade a meio-gás e cheia de avarias, no serviço ativo, em vez de estar no estaleiro para reparações?
  • EU
    13 mar, 2023 PORTUGAL 22:53
    Estamos quase a chegar e os sinais são claros. Quem não os souber ler está distraído. Já são VÁRIOS.

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