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​Abusos na Igreja

​Abusos na Igreja. D. Américo Aguiar espera que encontro da CEP consiga responder à dor das vítimas

02 mar, 2023 - 20:59

O bispo auxiliar de Lisboa espera que seja dada resposta ao essencial, "a dor" das vítimas. Declarações à margem da assinatura do protocolo entre a Fundação JMJ e a APAV.

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O bispo auxiliar de Lisboa, D. Américo Aguiar, espera que a assembleia extraordinária de sexta-feira da Conferência Episcopal Portuguesa consiga responder à dor das vítimas de abuso sexual de menores na Igreja.

O bispo defende que a resposta tem de ser dada às vítimas e diz estar curioso.

"Confesso: não sei se estou mais curioso do que vocês, mas tenho, pelo menos, a mesma curiosidade em relação ao que os irmãos bispos vão falar e decidir para tentar corresponder não a cartas, não a esta ou aquela instituição, mas àquilo que é essencial, à dor e ao grito de qualquer pessoa que possa ter sido vítima recente ou no passado", disse D. Américo, ao final da tarde desta quinta-feira, à margem da assinatura de um protocolo para a "prevenção e contingência" entre a Fundação JMJ Lisboa 2023 e a APAV.

D. Américo Aguiar revela que a Igreja vai gastar perto de 100 mil euros para formar os voluntários com o objetivo de proteger os participantes da Jornada de qualquer tipo de violência.

"Não somos especialistas no assunto pelo que solicitamos à APAV para que, quer na formação dos nossos quadros e colaboradores, quer nas situações que venham decorrer, nós possamos durante estes 150 dias que a partir de amanhã faltam, possamos fazer tudo aquilo que é o trabalho de casa e a preparação da Jornada para que tudo esteja pronto, de preferência para nunca ser utilizado, naquilo que significa o apoio a qualquer vitimização".

Evento vai ter equipa móvel e centro de apoio à vítima

A Jornada Mundial da Juventude de Lisboa vai ter uma equipa móvel e um centro de apoio à vítima, segundo um protocolo assinado que prevê a formação dos voluntários do maior encontro de jovens com o Papa.

De acordo com Américo Aguiar, é "uma obrigação" da organização que "todas as pessoas se sintam num ambiente acolhedor", mas "tudo pode acontecer" com um milhão de peregrinos esperados no evento.

O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 ressalvou, no entanto, em declarações aos jornalistas, que "o historial" de criminalidade das sucessivas JMJ "é muito baixo, quase zero".

A colaboração com a APAV, que envolveu um custo para a organização da JMJ de 100 mil euros, suportado com o apoio da Sé de Lisboa, prevê atuar na "prevenção, proteção e resposta a incidentes que possam envolver jovens participantes na jornada".

A APAV irá dar formação a voluntários e colaboradores, auxiliar o dispositivo de segurança e prestar apoio personalizado a eventuais vítimas de crimes durante e após a JMJ.

Uma equipa móvel terá "técnicos disponíveis para se deslocarem e prestarem, sempre que necessário, serviços de apoio ao peregrino, nas cidades-dioceses de acolhimento de Lisboa, Santarém e Setúbal", segundo uma nota de imprensa hoje divulgada após a assinatura do protocolo, acrescentando que a JMJ irá ter igualmente um centro de apoio à vítima.

A linha telefónica de apoio à vítima, gratuita (116 006), será reforçada durante o evento. O presidente da APAV, João Lázaro, enalteceu que pela primeira vez "um evento com a envergadura" da JMJ tenha considerado o "foco das vítimas" no seu planeamento.

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