02 fev, 2023 - 16:07 • Rosário Silva , Isabel Pacheco
A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) rejeitou esta quinta-feira a proposta do Governo de adiar para 2025 a negociação sobre a sua carreira, referindo que a acontecer vai colocar em causa a qualidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Se nós queremos as pessoas motivadas para os processos de mudança que são fundamentais para o SNS, para que ele seja mais eficiente, mais produtivo, para que sirva melhor os cidadãos que nos procuram, obviamente temos de ter carreiras em que as pessoas sejam enquadradas. Portanto, sim, prejudica claramente o SNS, não termos uma carreira revista e estruturada de administração hospitalar”, afirma à Renascença, Xavier Barreto.
A proposta de calendarização foi apresentada na terça-feira pela secretária de Estado da Administração Pública, Inês Ramires, numa reunião com os sindicatos da administração pública.
Para o presidente da APAH esta é “a única carreira na saúde que nunca foi revista depois dos hospitais em empresas”, o que não “é aceitável”, uma vez que se tratar de uma carreira “absolutamente essencial para a gestão do SNS e fundamental para termos hospitais produtivos”.
“No nosso entender”, prossegue Xavier Barreto, “isto deveria criar um sentido de urgência na revisão desta carreira, pois é a única carreira que não está revista, numa situação que se prolonga há mais de 20 anos”.
A APAH exige que a questão da carreira seja considerada pelo Governo “uma prioridade”, sob pena destes profissionais encetarem algum tipo de ação de luta menos desejável.
“A acontecer, será sempre uma decisão dos nossos associados, portanto, não vou adiantar aqui qualquer tipo de ação”, refere, lembrando que “os administradores hospitalares portugueses nunca fizeram uma greve”, e por serem dirigentes superiores da Administração Pública, “têm sempre uma perspetiva construtiva da sua relação com a tutela”.
“É essa a relação que querem manter”, por isso, sublinha, “esperamos que o Governo possa rever este calendário”.
Esta proposta de calendarização do Governo para a revisão das carreiras mereceu também críticas da Federação de Sindicatos da Administração Pública pelo tempo que leva a concretizar.
O secretário-geral da FESAP, José Abraão, que falava no final da reunião com Inês Ramires, indicou que o Governo se mostrou disponível para rever este ano a carreira de informática, de vigilantes da natureza, polícia municipal, oficiais de justiça, investigação, outras carreiras da saúde e da educação e as do Tribunal de Contas.
"Já depois, em 2024, poderíamos ter a [revisão das carreiras da] reinserção social, as inspeções externas do Estado enquanto carreiras não revistas, e, em 2025, os administradores hospitalares e a medicina legal", precisou.