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Hospital Beatriz Ângelo

Urgências em Loures. "Cheguei ontem ao fim da manhã e tenho de esperar mais oito horas"

07 dez, 2022 - 11:27 • João Cunha

Neste hospital de Loures, durante a madrugada e manhã, 67 doentes com pulseira amarela (urgente) tinham um tempo médio de espera de quase 18 horas. A unidade já pediu o desvio de doentes não críticos para outras unidades.

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Sala de espera das urgências do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures. Há cerca de 70 doentes, já triados, espalhados pelo espaço. Uns, parcialmente deitados, ocupam duas ou três cadeiras, a tentar dormir. Outros estão sentados, embrulhados em mantas e de copo com bebida quente na mão. E todos estão com um ar de quem está farto de tanto esperar.

Maria João sai por instantes das urgências para ir à cafetaria comer qualquer coisa, porque "na máquina de 'vending' já não há nada de jeito".

Veio com a mãe, que se sentiu mal, depois de ter chamado o INEM. Lá chegaram, de ambulância, por volta da meia-noite e meia.

"A minha mãe foi vista na triagem", à chegada," e desde então "continuamos a aguardar nesta sala. Para além desta, há outra sala no interior. Tem capacidade para seis macas e estão lá dezoito", diz.

Também já passou pela triagem e também espera para ser visto por um médico.

António Cerqueira confessa que saiu da urgência, foi a casa, para "ver a bola e cear", e voltou, ao início da madrugada. Chegou às três da tarde de ontem, encaminhado pela Linha de Saúde 24.

"Às 15h00. E telefonei para o SNS24. Não serviu de muito, porque depois da triagem, a enfermeira enfiou-me uma pulseira verde e desde então, cá estou", adianta, com ar cansado.

"O que me pareceu, tendo em conta as chamadas dos utentes, é que eram dois os médicos de serviço. Acho pouco", sublinha, enquanto apaga o cigarro num dos cinzeiros próximos.

Fora do edifício da urgência, á porta, um conjunto de contentores forma uma sala climatizada, onde doentes com problemas respiratórios aguardam pela chamada. Andraissa Oliveira está com uma dor no peito, sempre que respira. Como teve Covid há duas semanas, decidiu vir às urgências.

Chegou ontem, ao final da manhã.

"Às onze horas da manhã de ontem, dia 7... Ou seis?", questiona, admitindo que já não sabe a quantas anda.

"Disseram-me que ainda tenho de esperar mais oito horas para ser atendida", explica esta cidadã brasileira, acompanhada do namorado. "Até agora ninguém veio. Colocaram-me nesta sala para quem tem problemas respiratórios e até agora ninguém veio".

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  • Digo
    07 dez, 2022 Eu 12:19
    É o resultado de ter acabado com os CATS e os Centros de Saúde na sua maior parte são apenas administrativos, sem hipótese de atuar numa 1.ª linha. Quando se adoece, a urgência do hospital é a única hipótese

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