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Metro do Porto. Comerciantes não veem um fim para as obras na Linha Rosa

05 dez, 2022 - 07:27 • Redação

Ainda com dois anos de obras pela frente, o comércio tem sentido um forte impacto das obras na baixa da cidade do Porto. Além dos atrasos, lojistas queixam-se do difícil acesso às indemnizações a pagar pela Metro do Porto.

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Os comerciantes da cidade do Porto sentem que as obras do Metro, na construção da Linha Rosa, não têm fim à vista.

Procuram soluções que permitam manter as lojas abertas, mas já há muitos espaços a fechar portas. Quebras nos lucros, dificuldades ou inexistência de acesso às lojas ou falhas nas soluções preconizadas pela Metro do Porto são algumas das principais queixas.

Ana Maio viu-se obrigada a encerrar a sua loja de bolos em novembro, na rua do Almada. A proprietária tinha começado a sentir "um decréscimo muito grande de faturação" e que as condições estavam a "dificultar a vida dos clientes".

Explica que, a par das consequências sentidas na loja, sofria ainda das "consequências inerentes à passagem da rua, ou seja, o lixo". "Parece que a rua está esquecida. É a sensação que temos."

A lojista acrescenta ainda que a rua "nunca mais foi limpa, nunca mais foi lavada". "Foi isso que nos motivou a fechar", sublinha.

A poucos metros de distância, Susana Carvalho partilha as mesmas queixas. Proprietária de uma loja de fechaduras na Rua do Almada, salienta que a zona está a ser bastante afetada pelas obras do metro. "Basta estar impedida a circulação, quer pedonal, quer de tráfego automóvel”, esclarece.

A loja mantém-se aberta, mas sente grandes dificuldades. Conta que, como "os clientes veem a rua fechada, não descem a rua". "Portanto, temos uma diminuição brutal de clientes ao balcão."

A comerciante destaca ainda a dificuldade das transportadoras em chegar à rua do Almada. Apesar de "irem trazendo a mercadoria, é muito complicado", lamenta.

Falta de acesso a indemnizações é a principal queixa

Desde o início das obras, a Metro do Porto procurou encontrar soluções para ajudar os negócios afetados. Tiago Braga, presidente da Metro do Porto, em declarações à Renascença, explica que "desde o início da empreitada da Linha Rosa, [a Metro] tem vindo a fazer um esforço no sentido de compensar, ora financeiramente, ora através de outras ações os comerciantes".

Sublinha ainda os espaços de venda alternativos e temporários colocados na praça da estação da Trindade: "As galerias que instalámos, e que na realidade são espaços condignos, com montras num sítio que é, digamos, na baixa do Porto, o sítio com maior procura".

Magali Marinho, gerente de uma papelaria no largo dos Lóios, é uma das comerciantes com direito a uma galeria. A indemnização pelas perturbações das obras "não era uma possibilidade" e, então, recebeu essa proposta.

"Contactaram-nos se estaríamos interessados em poder ter um espaço no metro da Trindade, que fosse temporário, mas que tivesse durante algum tempo para podermos reaver algumas das perdas, havendo um espaço ali extra para a loja." Esclarece ainda que a Metro do Porto é a principal "responsável pelo espaço". "Garante-nos a segurança, garante-nos a possibilidade de um espaço sem renda".

A lojista viu esta oportunidade como uma mais-valia, que, para além de reforçar as venda, permitiu que o seu negócio se desse a conhecer noutra zona da cidade, "ainda que temporariamente, mas sem obras".

No entanto, a falta de direito a indemnização é uma das principais queixas de outros comerciantes afetados pelas obras do metro. Sofia Gomes, proprietária de uma loja na mesma rua, afirma que "nem foi pago, nem está muito esclarecedor as ajudas que vão dar".

Já Magali Marinho salienta que a informação que foi dada era de que não daria indemnizações "se não houver um encerramento efetivo da loja". "As obras não vieram até à minha porta de forma a que eu fechasse a loja."

Contudo, Tiago Braga garante que as indemnizações já começaram a ser pagas, esclarecendo alguns dos critérios para a atribuição das mesmas: "Se a intervenção não permitir o acesso à loja, tem que haver uma compensação".

"Se a intervenção, apesar de haver um tapume de dois ou três metros, não for disruptiva do ponto de vista daquilo que é o trânsito pedonal, não tem direito. Mas há algumas situações em que esse corredor por onde passam as pessoas não tem saída e, aí, também há um prejuízo, porque afetamos a mobilidade pedonal nessa zona e isso está dentro dos critérios."

O fim das obras da construção da Linha Rosa do Metro está previsto para o último dia do ano de 2024, altura em que o presidente da Metro do Porto espera ter as condições necessárias para iniciar a pré-operação da linha, de modo a abrir ao público no final do primeiro trimestre de 2025.

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