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Setor social com vagas para acolher doentes, mas aguarda acordo com Governo

06 dez, 2022 - 08:55 • Anabela Góis , com redação

Presidente da Associação de Administradores Hospitalares admite que as 700 vagas contratadas ao setor social podem ser insuficientes, já que na última contagem eram mais de mil os utentes internados por razões sociais, ainda assim, diz que seria uma ajuda importante para melhorar a resposta hospitalar.

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Com os hospitais sob pressão, o ministro da Saúde anunciou a contratação de 700 vagas ao setor social para acolher os doentes com alta clínica, mas que continuam hospitalizados porque não têm para onde ir. O problema é que o acordo não foi fechado, nem há data para que tal aconteça.

Contactados pela Renascença, nem o Ministério da Saúde nem o da Segurança Social dizem quando é que as condições serão apresentadas à Confederação das Instituições de Solidariedade (CNIS).

O presidente da CNIS já identificou perto de 300 vagas, mas face à elevada procura diz que vai ser difícil mantê-las e o acordo ainda não estará para breve.

“Há situações ainda por resolver, por isso, é que não há ainda uma conclusão. Sabemos que serão pagos 1.200 euros por cada vaga de cama para estas situações, mas pessoas que virão dos hospitais terão necessidade de medicamentos e de cuidados médicos e ainda temos que acertar como vamos resolver essas situações”, diz Lino Maia, acrescentando que “o que estava previsto era que isto entrasse em vigor a 15 de dezembro, mas temo que não seja possível”.

Com as misericórdias o acordo está mais avançado. Até agora, e de acordo com o presidente da União das Misericórdias, encontraram 200 vagas, mas o processo de transferência de doentes não é simples, nem rápido.

“Os hospitais dão o número à Segurança Social e a Segurança Social contacta-nos para nós colocarmos, na medida do possível, o utente o mais perto possível da residência que tinha antes do internamento no hospital para permitir que as famílias os acompanhem, aqueles que têm famílias, embora parte deles não tenha família ou a família não tenha condições para os acolher”, explica Manuel Lemos.

O passo seguinte passa por “ver para que tipo de unidade é que a pessoa vai, porque, por exemplo, não podemos pôr uma pessoa com demência num lar porque vai provocar perturbação. Temos que ver se temos vaga em cuidados continuados ou em lares naquela região e tentamos colocá-los”, acrescenta.

Vagas insuficientes

O ministro da Saúde anunciou que a prioridade nesta fase seria dada aos utentes da região de Lisboa e que alguns doentes já estavam a ser transferidos, mas numa ronda pelos principais hospitais a Renascença não encontrou nenhum caso: o Hospital de Santa Maria aguarda colocação para 98 utentes e o Amadora Sintra para mais 57.

Uma situação confirmada pelo presidente da Associação de Administradores Hospitalares. “A informação que temos é que ela ainda não se sente no terreno, portanto os internamentos sociais continuam nos hospitais. Continuam a existir muitas camas ocupadas com casos sociais, portanto, que não têm razão clínica para estarem internados e, de facto, essa resposta, essas camas que foram contratadas ainda não tiveram esse efeito no terreno e que esperamos, naturalmente, que tenham a curto prazo”, refere Xavier Barreto.

O responsável admite que as 700 vagas contratadas ao setor social podem ser insuficientes, tendo em conta que na última contagem eram mais de mil os utentes internados por razões sociais, ainda assim diz que seria uma ajuda importante para melhorar a resposta hospitalar.

“Em março tínhamos mais de mil doentes internados por razões sociais. Portanto logo à partida percebe-se que estas 700 serão insuficientes, mas ainda assim será uma ajuda importante. Se tivermos menos 700 doentes internados nos hospitais por razões sociais naturalmente que isso será muito bom para a resposta hospitalar porque ficamos com camas para doentes que efetivamente precisam delas por razões clínicas”, conclui.

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