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"Nunca quis ser super juiz". Ivo Rosa despede-se do TCIC com críticas ao poder político

07 nov, 2022 - 20:04 • Redação

Em 2021, o Parlamento aprovou a fusão do TCIC com o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa. Decisão da ministra da altura, Francisca Van Dunem, foi tomada depois de Ivo Rosa ter desmontado, peça a peça, a acusação da Operação Marquês, que tem José Sócrates entre os principais arguidos.

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O juiz Ivo Rosa criticou esta segunda-feira a decisão política de extinguir o Tribunal Central de Investigação Criminal (TCIC).

Na conclusão do debate instrutório do caso "O-Negativo", o magistrado admitiu que só concorreu para o Tribunal da Relação de Lisboa “devido à extinção do Tribunal Central como tribunal especializado".

Ivo Rosa, que desempenhou funções no TCIC durante oito anos, aguarda a conclusão do processo disciplinar que lhe foi instaurado pelo Conselho Superior da Magistratura para saber se conseguirá colocação na segunda instância.

Por proposta do Governo, a Assembleia da República aprovou a fusão do TCIC com o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa (TIC).

A decisão da ministra da Justiça da altura, Francisca Van Dunem, foi tomada depois de Ivo Rosa ter desmontado, peça a peça, a acusação da Operação Marquês, que tem José Sócrates entre os principais arguidos.

"Apesar da complexidade e do volume de trabalho, sempre exerci com gosto e dedicação, muitas vezes com prejuízo para a minha vida pessoal e para a saúde", desabafou Ivo Rosa durante a sessão desta segunda-feira, aberta aos jornalistas.

"Não consigo trabalhar 14 horas por dia, sete dias por semana, como fiz durante dois anos. Não sou o que era e a idade também já não é a mesma", acrescentou o magistrado que, em defesa das decisões que tomou, garante que sempre as tomou “de forma fundamentada, livre, independente e imparcial”.

E, numa alusão indireta a Carlos Alexandre, assegurou que “nunca quis ser nem super juiz, nem infra, nem corajoso, nem medroso. Apenas sou um juiz que se limita a apreciar a prova".

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