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Mais de 400 vagas no concurso para a formação de médicos especialistas ficaram por preencher. Porquê?

27 nov, 2023 - 07:28 • Sérgio Costa

O bastonário Carlos Cortes acusa o ministério da Saúde de incompetência e inoperância.

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Ficaram por preencher mais de 400 vagas no concurso para a formação de médicos especialistas.

O que significa isto?

Provavelmente, significa que vão continuar a faltar médicos em algumas especialidades. O concurso para a formação de clínicos terminou este sábado e, das mais de 2.300 vagas, 419 ficaram por preencher.

Quer isto dizer que vários candidatos decidiram não escolher qualquer vaga no SNS. Trata-se sobretudo de médicos recém formados que não quiseram trabalhar no serviço público de saúde.

Estamos a falar de dinheiro?

Sim, aquilo a que os médicos e a própria Ordem dos Médicos dizem ser falta de capacidade de atratividade do SNS. Se centenas de vagas ficam por preencher é um sinal de que aquilo que é oferecido, em formação, não atrai estes profissionais.

É um sinal renovado, numa altura em que temos ainda negociações entre governo e sindicatos tendo a questão salarial no centro das reuniões.

Quais são as áreas onde se mantêm vagas por preencher?

Sobretudo, em Medicina Interna, onde foram preenchidas pouco mais de 100 das 248 vagas a concurso.

No entanto, sublinho que várias especialidades registam recordes de preenchimento de vagas. São os casos da Pediatria (110), da Anestesiologia (97), da Cirurgia Geral (85), da Psiquiatria (82), da Ginecologia-Obstetrícia (67), da Ortopedia (62) e da Cardiologia (45).

Na Medicina Interna, o número de vagas preenchidas foi escasso. Qual será a consequência?

Eventualmente problemas contínuos nos hospitais. Porquê? Porque é uma especialidade fundamental nas unidades hospitalares. Um clínico de medicina interna tem uma vocação essencialmente cognitiva, ou seja, é o médico que perante a descrição de sintomas pode definir prioridades, que encaminha para um determinado tratamento ou para um determinado exame. E é exclusivo de adultos. É um clínico fundamental na atividade hospitalar.

Estamos a falar de jovens médicos que não aceitam preencher vagas no SNS.

Vão para onde? Para o privado?

Essencialmente, mas não havendo um número concreto podemos dar esta imagem que sai das conclusões de um inquérito realizado recentemente pela Associação Nacional de Estudantes de Medicina: 43% dos médicos tencionam começar a sua carreira no setor privado.

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