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Aumento de 2% na administração pública é "inaceitável e desestabilizador"

12 set, 2022 - 22:52 • Eduardo Soares da Silva

José Abraão, secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública, vai aguardar pelas negociações com o Governo, que considera ter "margem para negociar". Certa é a reprovação total ao anúncio feito por António Costa do aumento de 2% dos ordenados.

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José Abraão, secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (FESAP), considera como "inaceitável e desestabilizador" o anúncio de António Costa que o aumento dos ordenados da administração pública seria de 2%, face à inflação que o primeiro-ministro apontou para os 7,4% neste ano.

Em declarações à Renascença, o dirigente acredita que "o governo tem margem para negociar, porque basta atentar nos resultados da economia". Numa primeira reação, considera a proposta do Governo "inaceitável".

"É completamente inaceitável que para uma inflação de 7,4%, sem contar as de 2023 e 2024, se possa pensar nesses valores. Os trabalhadores não compreendem como uma pensão de mil euros tenha um aumento de 4%, enquanto que quem trabalha 8 horas por dia só tenha 2%", começa por dizer.

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José Abraão: "Não podemos continuar a 'diabolizar' a administração pública"

José Abraão vai aguardar pelas negociações com o Governo e espera que o valor apresentado pelo primeiro-ministro seja "esquecido".

"O orçamento de Estado será proposta e negociado, certamente queremos acreditar que este valor seja simplesmente esquecido e possamos partir para outros. Estamos expectantes, vamos aguardar com serenidade para que a negociação possa ser feita de forma séria, responsável, quer seja no plano anual ou plurianual, para que os problemas sejam resolvidos sem estes anúncios que só destabilizam a administração pública", atira.

O dirigente acredita que podem existir outros pressupostos a ser negociados: "Gostaria de ver um aumento no subsídio de refeição, tendo em consideração o aumento dos preços da alimentação, ou até gostaria que o primeiro-ministro dissesse que iria reduzir os custos na saúde, que em média representam 30% dos gastos do rendimento".

15% de quebra salarial em 10 anos

José Abraão aponta para uma queda acentuada no rendimento dos trabalhadores quando olha ainda mais para trás no tempo.

"Nos últimos 10 anos, os trabalhadores perderam cerca de 15% do salário, por isso não é aceitável que se diga novamente que possam perder mais 4,5,6, ou 7%. Não faz sentido. Não vale a pena virem com médias de massa salarial e progressões, porque também existem no privado. Não podemos continuar a diabolizar, entre aspas, a administração pública", atira.

António Costa anunciou, numa entrevista à TVI, que os aumentos salariais não acompanham a subida de inflação automaticamente. O primeiro-ministro estima uma inflação de 7,4%, mas salienta que os "funcionários públicos não vão ter aumento de 7,4%".

O primeiro-minstro explica que está a trabalhar num cenário de inflação a 2% e que essa é "a referência" para os aumentos dos funcionários públicos, insistindo que esta matéria está "sujeita à negociação coletiva".

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  • Ricardo Carvalho
    13 set, 2022 Porto 11:54
    Grande parte da função pública devia era ver os salários baixarem, porque não faz praticamente nada, porque faz muito menos do que devia fazer para aquilo que recebe, e porque grande parte dos cargos foram ocupados pelas piores razões (tachos, compadrios, corrupção, partidarismo, etc). A função pública acha justo taxar mais todos os outros portugueses, numa situação de crise, para que assim se possa aumentar os seus salários?! Tenham juízo. Não gostam do tacho, venham para privado ou, melhor ainda, criem o vosso próprio negócio, para ver o que custa a vida.

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