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Climatização dos hospitais

Ministra admite que "há caminho a ser feito" na climatização dos hospitais

22 jul, 2022 - 16:42 • Rosário Silva

Marta Temido visitou esta sexta-feira as obras do novo Hospital Central do Alentejo.

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A ministra da Saúde anunciou, esta sexta-feira, que ao abrigo do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), já foram investidos 139 milhões de euros na melhoria da climatização dos hospitais portugueses.

“Eu recordo que, no âmbito do POSEUR, temos investimentos na ordem dos 139 milhões de euros na climatização dos hospitais e no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) temos requalificações em todos os centros de saúde do país, a maioria deles direcionados para a substituição de ar/vácuo e ar condicionado que não estavam a funcionar”, anunciou, Marta Temido.

A ministra falava em Évora, durante a visita às obras do novo Hospital Central do Alentejo, num dia particularmente quente no terreno.

As temperaturas extremas registadas no continente nos últimos dias estão, de resto, associadas a um excesso de mortalidade que, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), chegou aos 1.063 óbitos, no período mais quente deste ano, até agora, entre 7 e 18 de julho.

Questionada sobre se a ausência de climatização nalguns hospitais portugueses, sobretudo os de construção mais antiga, pode estar associada a uma maior mortalidade durante uma onda de calor, Marta Temido admite que possa existir uma relação, até porque, em 2008, um estudo do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), já o tinha concluído.

“O que esse estudo de 2008 mostra, relativamente ao pico de calor de 2003, é que terá havido uma relação entre mais letalidade, maior calor e menos boas condições de climatização nos hospitais”, referiu.

“Portanto, há caminho a ser feito, nem tudo está resolvido, temos problemas, sim, mas temos que continuar a tentar ultrapassá-los”, afirmou.

Em 2008, especialistas do INSA, compararam a mortalidade registada nas pessoas com mais de 45 anos que estavam hospitalizadas, em 2003, durante a ocorrência de uma onda de calor.

Destas, só 30% estava em quarto climatizado, o que levou a uma clara conclusão: “Uma climatização inexistente ou deficiente resulta num expressivo excesso de mortalidade”, sendo que o ar condicionado “tem um efeito protetor de 40%”.

O verão de 2003 foi o mais quente das últimas décadas, tendo provocado a morte de 1953 pessoas em Portugal.

Segundo o INSA, “uma parte apreciável” dos óbitos aconteceu dentro dos hospitais.

“Relativamente a esta situação, eu acho que os resultados desse estudo, que agora voltou a ser posto em cima da mesa, mostram bem o impacto que o calor e do frio, têm na nossa saúde”, sublinhou, Marta Temido.

“Nós somos ainda um país sujeito a muita exposição do calor e do frio e não estamos tão protegidos como outros países da Europa”, constatou, garantindo que “vamos continuar a trabalhar”, para melhorar a situação.

Obras do Hospital Central do Alentejo a bom ritmo

De visita às obras do novo Hospital Central do Alentejo, Marta Temido considerou que o progresso da empreitada “é um momento importante para o país e, sobretudo, para o Alentejo”, lembrando que, durante “muito tempo, foi um projeto que não passou do papel”.

“Foi muito difícil chegar aqui e sabemos que ainda temos muitas dificuldades pela frente”, afirmou, antecipando que o hospital de Évora possa mudar-se para o novo edifício no “final de 2023 ou início de 2024”.

O projeto do novo hospital envolve um investimento total de cerca de 210 milhões de euros, já que, aos cerca de 180 milhões da construção, se juntam perto de “mais 30 milhões” para “equipamento de tecnologia de ponta”.

O concurso público relativo à empreitada foi ganho pelo grupo espanhol Acciona, em abril de 2020, tendo a construção sido adjudicada à empresa, pela Administração Regional do Alentejo, em novembro desse ano e consignada em julho de 2021.

A futura unidade hospitalar, localizada na periferia da cidade de Évora, vai ocupar uma área de 1,9 hectares e ter uma capacidade de 351 camas em quartos individuais, que pode ser aumentada, em caso de necessidade, até 487.

Com 30 camas de cuidados intensivos/intermédios e 15 de cuidados paliativos, a nova unidade vai ter, entre outras das valências, 11 blocos operatórios, três dos quais para atividade convencional, seis para ambulatório e dois de urgência, cinco postos de pré-operatório e 43 postos de recobro.

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