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Genéricos pouparam mais de 225 milhões este ano ao Estado e famílias

08 jul, 2022 - 06:59 • Lusa

Estes fármacos começaram a ser vendidos em Portugal há 30 anos. A 8 de julho de 1992, o então ministro da Saúde Arlindo Carvalho assinalava, numa cerimónia simbólica, a introdução no mercado português dos primeiros genéricos, mas não foi um caminho fácil.

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Os medicamentos genéricos dispensados nas farmácias geraram uma poupança de mais de 225 milhões de euros para o Estado e para as famílias nos primeiros seis meses do ano, mais 36 milhões comparando com igual período de 2021.

Os dados foram divulgados à agência Lusa pela Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (APOGEN) no dia em que se assinalam os 30 anos do início da comercialização destes medicamentos em Portugal.

Fazendo um balanço dos genéricos em Portugal, a presidente da APOGEN, Maria do Carmo Neves, disse que foram "uma ferramenta importantíssima, porque permitiu que mais utentes fossem tratados a custos comportáveis" e que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) poupasse.

A título de exemplo, disse que, desde 2011 até hoje, os genéricos permitiram poupar mais de cinco mil milhões de euros, o que equivale a dois anos de custos da despesa total do SNS com medicamentos em ambulatório e em meio hospitalar.

O investimento nestas soluções permite alocar mais recursos ao SNS, investir na inovação, criar mais postos de trabalho e contribuir para a economia portuguesa através das exportações e de um maior equilíbrio da balança comercial do medicamento.

"Não tenho qualquer dúvida que a inovação nos tem prolongado a vida, e uma vida com mais qualidade, mas o que tem mantido a sustentabilidade são os medicamentos genéricos e os medicamentos biossimilares", salientou.

Mas, apesar dos avanços, o país ainda está longe da média europeia em termos da quota dos genéricos (quase 70%). Desde há alguns anos que Portugal estagnou nos 48,8%.

Maria do Carmo Neves defendeu que é preciso que nos próximos anos, seis em cada 10 utentes beneficiem destes medicamentos.

"Qualquer mudança é difícil de implementar e demora muito tempo a atingir-se os objetivos, muito mais quando estamos aqui a tratar pessoas com médicos que têm experiência com um determinado produto e que a mudança lhe dá a perceção que pode não ter os mesmos resultados. Mas não passa de perceção", afirmou, aludindo à estagnação do mercado de genéricos.

O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF) apontou, por sua vez, como razões para esta estagnação o sistema de preços estar "tão achatado" que o mercado português deixa de ser apelativo para mais genéricos, e por não se manter a pressão sobre a informação. "É preciso continuar a explicar aos profissionais de saúde e aos doentes a importância dos medicamentos genéricos, a qualidade e a eficácia que têm, que são iguais à do original, que aumentam a sustentabilidade e paga menos o doente e paga menos o sistema", salientou Hélder Mota Filipe.

O bastonário lamentou que passados 30 anos ainda se alimente dúvidas sobre os genéricos, sublinhando que, quando um profissional (médico, farmacêutico, enfermeiro) diz que só confia no medicamento original, o que está a dizer é que não confia nas autoridades do medicamento.

"Há muitos profissionais que são irresponsáveis quando dizem isto, porque se têm dúvidas genuínas, a primeira coisa que têm que fazer é reportar ao sistema de farmacovigilância que tem uma dúvida, porque o medicamento não está a atingir o objetivo que era proposto ou porque o doente não respondeu da forma adequada", defendeu.

"Portanto, dizer estas coisas sem ser consequente é uma irresponsabilidade e é uma má prática do ponto de vista dos profissionais", rematou Hélder Mota Filipe.

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