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Comentários homofóbicos. MP investiga professor da Universidade de Aveiro

05 jul, 2022 - 17:42 • Ricardo Vieira

Docente já tinha sido suspenso temporariamente pela Universidade de Aveiro.

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O Ministério Público (MP) abriu uma investigação a um professor da Universidade de Aveiro (UA) acusado de ter feito comentários homofóbicos nas redes sociais e em entrevistas, avançou esta terça-feira o jornal Expresso.

“Confirma-se a receção de denúncia relativa à matéria em referência. A mesma deu origem a inquérito que corre termos no DIAP de Aveiro”, indica a Procuradoria-Geral da República (PGR).

O professor Paulo Lopes, do departamento de Física, foi ontem suspenso temporariamente pela Universidade de Aveiro, devido às suas publicações polémicas.

Segundo o reitor Paulo Jorge Ferreira, a decisão foi justificada pela "natureza das declarações e a forma como afetaram o imprescindível ambiente de confiança que deve existir entre um professor e os seus estudantes, o conflito óbvio entre os valores da Universidade e a falta de valores que essas declarações implicam e o impacto sobre a imagem e valores da própria Universidade".

O reitor referiu ainda que atuou "o mais rapidamente que era possível atuar, dentro da lei e dos procedimentos disponíveis", garantindo que a UA "rejeita liminarmente qualquer discurso de ódio, qualquer apelo à violência, seja por que motivo for".

Em causa está uma publicação que o professor Paulo Lopes fez na sua página da rede social Facebook, na qual critica abertamente a comunidade LGBTQ+, a propósito de uma campanha publicitária que dá a conhecer vários termos relacionados com esta comunidade, como "gay", "lésbica", "queer" ou "não-binária".

"Acho que estamos a precisar urgentemente duma "inquisição" que limpe este lixo humano todo!", escreveu o docente, considerando que este ato publicitário "é uma agressão e merecia umas valentes pedradas nas vitrinas só para aprenderem".

Desagradados com esta situação, vários alunos criaram um grupo na rede social Facebook intitulado "ação contra o prof. Paulo Lopes" que já conta com mais de 700 membros.

Num email enviado à Lusa, o professor Paulo Lopes referiu que esta polémica "é artificial", afirmando que advém de uma "reação violenta" do grupo visado.

"Os ditos "estudantes" reagiram na qualidade de cidadãos e não de alunos, pois as minhas ações não decorreram no meu local de trabalho que deve ser mantido à margem e nem sequer no âmbito do meu trabalho", afirmou o docente, considerando que a reitoria "não tem que se manifestar sobre rigorosamente nada".

Paulo Lopes insistiu ainda que a publicação que fez foi a título pessoal e espelha a sua opinião pessoal, que "é soberana num estado que é considerado livre e consagrada na Constituição".

"Naturalmente, haverá quem não goste da minha posição, mas isso faz parte da vida. Eu também não gosto de muitas posições e não faço alarido nem persigo ninguém, limito-me a comentar, como aliás o fiz na minha publicação", concluiu.

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