25 out, 2013 - 10:59 • Daniel Rosário, em Bruxelas
França e Alemanha estão a liderar os esforços europeus para levar os Estados Unidos a aceitar, até Dezembro, enquadrar o funcionamento dos serviços secretos nas relações entre aliados.
Uma intenção que se aplica igualmente ao nível europeu, onde Paris e Berlim gostavam de ver os demais Estados-membros a aderir a um código de conduta sobre a mesma matéria.
Estas intenções são motivadas pelo escândalo de espionagem da espionagem em larga escala a cidadãos mas também a responsáveis políticos europeus levada a cabo pelos Estados Unidos, mas que conta com, pelo menos, duas condicionantes importantes: em primeiro lugar um dos principais parceiros de Washington nesta operação é o Reino Unido, um Estado-membro da União Europeia; por outro lado os próprios países europeus que agora se queixam reconhecem ter telhados de vidro na matéria.
O assunto foi longamente debatido na reunião de quinta-feira à noite, no âmbito do Conselho Europeu. De acordo com fontes ouvidas pela Renascença, o primeiro-ministro do Luxemburgo fez aos seus homólogos uma pergunta que ocupa muitos espíritos: “Têm a certeza de que os serviços secretos dos nossos países nunca violaram as leis que enquadram o seu funcionamento?”.
Na reunião de líderes o tema foi lançado pelo presidente francês, que fez questão de sublinhar que o objectivo não é demonizar os serviços secretos, nem os Estados Unidos.
Hollande respondeu ainda a uma pergunta sobre se os próprios europeus não terão feito o mesmo de que acusam agora Washington: a este nível, “espiar milhões de cidadãos, ninguém o estará a fazer na Europa”.
O tempo dirá que consequências terá todo este debate quando o assunto desaparecer das primeiras páginas dos jornais.