05 mai, 2022 - 20:57 • Isabel Pacheco
Os enfermeiros alvo de pressões e de ameaças por parte de instituições de saúde, denunciou esta quinta-feira a bastonária Ana Rita Cavaco, na abertura do congresso da Ordem dos Enfermeiros, em Braga.
Sem avançar casos concretos ou pormenores, Ana Rita Cavaco diz que esta é uma realidade transversal a todo o país.
“Cada vez mais na Ordem temos notícia de gestores de topo nas instituições de topo que ameaçam os enfermeiros, humilham-nos, tratam-nos mal. Temos visto pessoas que, sob a base da pressão e da ameaça tentam obrigar os enfermeiros a trabalhar cada vez mais”, afirma a bastonária em declarações aos jornalistas.
“Depois admiram-se quando têm rescisões de contratos e não conseguem encontrar enfermeiros no mercado. Eles não querem ir para lá. Temos muitos casos, infelizmente, mas não é circunscrito a uma localidade, é por todo o país”, sublinha.
Ana Rita Cavaco aponta a falta de contratação de profissionais como principal preocupação da Ordem dos Enfermeiros.
A bastonária considera que seriam necessários, pelo menos, mais 30 mil enfermeiros no sistema de saúde público e privado em Portugal.
À falta de enfermeiros junta-se a pouca valorização da carreira, diz Ana Rita Cavaco, que aponta o dedo à proposta de Orçamento do Estado para 2022.
“E nós fizermos as contas, sobram cerca de 200 milhões para valorização de carreiras, mas não há só enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde e no sistema de saúde. Isso não chega para o que é preciso fazer. Não chega nem para o início”, declarou a bastonária à margem do congresso que decorre até sábado, em Braga.
Contactada pela Renascença, a Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, recusou responder às acusações de Ana Rita Cavaco.