06 abr, 2022 - 12:58 • Fátima Casanova
Os indicadores revelados esta quarta-feira indicam que no ano passado aumentaram os níveis de atividade física.
De acordo com o relatório do Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física (PNPAF) da Direção-Geral da Saúde, 54,3% dos portugueses praticaram atividade física considerada adequada, o que representa mais 8% do que no ano anterior e o dobro do valor apurado em 2016 (27,1%).
De uma maneira geral, os resultados deste inquérito nacional, denominado REACT-COVID 2.0, vieram confirmar o impacto da COVID-19 nos hábitos alimentares e de atividade física dos portugueses ao longo do último ano de pandemia, “sugerindo que as alterações observadas nos primeiros meses da pandemia (março de 2020), se mantiveram, após o primeiro período de contenção social”.
São dados otimistas, porque “a atividade física, para além do seu papel preventivo, contribui para o atraso da progressão de diversas doenças crónicas, nomeadamente de sete grupos importantes de patologias: cardiovasculares, oncológicas, pulmonares, metabólicas, psiquiátricas, neurológicas e musculoesqueléticas”.
O exercício físico pode passar por fazer uma boa caminhada, pelo menos, de 30 minutos, por dia. Ao final da semana é importante contabilizar, pelo menos, 150 minutos de atividade, que pode ser também subir e descer escadas e algumas atividades domésticas, como aspirar o chão.
Por outro dado, parece ter aumentado o tempo sedentário, “sendo este de 7 ou mais horas por dia para 46,4% dos inquiridos (vs. 38.9% em 2020)”.
De acordo com o inquérito, depois dos períodos de confinamento obrigatório, “o trabalho/aulas tomaram, naturalmente, o primeiro lugar nas atividades que mais contribuíram para o comportamento sedentário da população, seguidos pelo tempo de ecrã. Tal contribui para um perfil populacional a que os especialistas chamam de “Ativo mas Sedentário”.
A faixa etária que diariamente passa mais tempo sentada é a dos 15 aos 29 anos (25% passa sete ou mais horas por dia sentado).
Depois segue-se o grupo dos 70 ou mais anos com 21% dos inquiridos a passarem mais tempo sentados.
Os dados permitem perceber que o nível de atividade física semanal diminui com o aumento da idade e os homens são os mais ativos ao longo de todo o ciclo de vida.
Os dados sugerem que a atividade física e o comportamento alimentar parecem influenciar-se mutuamente, mas há um perfil de maior risco: “ser mulher, ter idade inferior a 45 anos e perceção de má situação financeira e de saúde” está associado ao risco de menor atividade física e de uma alimentação pior.
Por outro lado, ser homem e ter mais de 46 anos, está associado a maiores níveis de atividade física e à manutenção de bons hábitos alimentares.
Os resultados do inquérito nacional REACT-COVID 2.0 permitem ainda perceber que 36,8% dos portugueses alteraram os hábitos alimentares nos primeiros 12 meses de pandemia, sendo que mais de metade (58,2%) foi para melhor. Também mais de metade dos portugueses inquiridos (56,9%) passaram a cozinhar mais.
Os dois principais motivos para a prática de atividade física, apontados pelos inquiridos, continuam a prender-se com a saúde física e mental (manter-se saudável e aliviar o stress/tensão).
As principais razões apontadas para o aumento prendem-se com o fato de ter adquirido hábitos no último ano e estar a conseguir mantê-los e ter mais tempo ou ser capaz de o gerir de melhor.
De entre aqueles que percecionam ter diminuído a atividade física, as principais razões apontadas foram: “sentir-se mais triste e ansioso e ter deixado de poder praticar aulas em grupo durante o confinamento”. Estas razões foram apontadas principalmente “pelos mais jovens e com perceção de situação financeira difícil”.
De entre as atividades mais praticadas destacam-se a caminhada, seguida pelas atividades de fitness, treino de força e corrida (estas últimas duas significativamente mais adotadas pelos homens).
Quanto às atividades do dia a dia, as tarefas domésticas continuam a prevalecer nas mulheres (84.7% vs. 46.3% nos homens) e o subir e descer escadas como forma de se manter ativo é reportado por cerca de 62% dos inquiridos, uma opção que ganhou força no confinamento (50%) e parece ter vindo para ficar.