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Mais de 100 mil alunos correm o risco de não ter pelo menos um professor no próximo ano

29 mar, 2022 - 08:00 • Olímpia Mairos

As estimativas são de um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que alerta para um cenário preocupante no terceiro ciclo e no secundário.

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Mais de 100 mil alunos vão ficar sem aulas no próximo ano letivo a pelo menos uma disciplina. Isto, se não forem alterados os requisitos para a contratação de professores.

As estimativas são de um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos que alerta para um cenário preocupante no terceiro ciclo e no secundário. A diretora da Pordata, a base estatística da fundação, alerta que a situação é crítica em várias disciplinas, em particular, na Matemática.

"A projeção que estive a fazer mostra que há no mercado professores suficientes para o primeiro ciclo, o pré-escolar e o segundo ciclo", indica Luísa Loura à Renascença.

"Em situação mais crítica estão a Física e a Matemática, mas estão todas em situação muito crítica, à exceção da Educação Física", refere, lembrando que "na Matemática há uma dificuldade adicional: quem tem formação em Matemática tem muito emprego hoje em dia".

Português, Biologia e Geologia, História, Geografia, Inglês e Filosofia também apresentam cenários “preocupantes”.


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Na Matemática há uma dificuldade adicional


Segundo o jornal "Público", dos 110 mil alunos sem professores em 2023 passar-se-á para 250 mil em 2025.

Isto significa que mais de metade dos alunos que hoje frequentam o ensino do 7.º ao 12.º anos estará nessa altura sem aulas a pelo menos uma disciplina.

No 3.º ciclo e secundário, os professores recém-formados para o ensino de Português “são atualmente 10 vezes menos que em 2002/03”. A diretora da Pordata e ex-directora da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) dá o exemplo da disciplina de Matemática e de Física e Química, em que nos últimos quatro anos apenas se formaram “entre 17 a 22 professores de Matemática e entre cinco a oito de Física e Química”.

De acordo com Luísa Loura, “o débito do pipeline da formação de professores por parte das universidades” que vem de há 10 anos é de tal modo insuficiente que não vai mesmo haver alternativa a não ser tomar medidas de recurso.

Medidas que podem passar por “permitir um maior peso de professores sem habilitação profissional no sistema; redução das horas de apoio ao estudo; aumento significativo do número de alunos por turma”.

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  • Digo
    29 mar, 2022 Eu 15:08
    Medidas muito "sábias": aumentar o numero de alunos por turma - enquanto houver espaço para meter uma cadeira ou uma mesa ... - e chamar ao serviço professores sem habilitação profissional e em que alguns casos, os alunos sabem mais que o professor. Mas claro, para tornar a profissão atrativa, teria de se abrir os cordões à bolsa e é preferivel continuar a pensar na Educação como uma Despesa e não um Investimento. Já se "investiu" muito em TAP's, CP's, Banca, PPP's, etc.

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