03 mar, 2022 - 12:11 • Isabel Pacheco
Para além do material médico e de agasalhos, a bagageira do autocarro que partiu, esta quinta feira, de Braga rumo à fronteira com a Ucrânia vai guarnecida de mantimentos. O suficiente para a viagem que espera trazer, pelo menos, 40 refugiados para solo nacional.
“Há bolachas para os mais pequenos, leite e papas para os bebés” descreve Paula Silva, elemento de uma das instituições que se associaram à iniciativa. “Não falta nada. Falta, apenas, o essencial, que é trazermos as pessoas em segurança”, remata.
Da lista de pessoas referenciadas, 12 crianças e 28 adultos, está uma grávida de 20 semanas que “ inspira alguma preocupação e alguns cuidados”, revela Elisa Condês, médica e voluntária na missão.
“Prevemos que estas pessoas possam ter queixas de dor e que estejam fisicamente e cansadas e psicologicamente afetadas. Virão, com certeza, com frio”, antecipa a médica. “O que esperamos é dar-lhes conforto e uma palavra amiga”, resume.
Entre os nove voluntários que seguem viagem, estão uma enfermeira, um técnico da proteção civil e o tradutor, Andriy Voytuckh. O ucraniano, radicado em Portugal há 15 anos, está habituado a viagens longas, mas admite que esta “vai custar mais um bocado”.
“Tenho pena daquelas crianças e mulheres que estão há três, quatro dias à espera”, confessa o ucraniano natural de Leviv. “Mas, vamos pensar que tudo vai correr bem."
No autocarro segue, também, Romana Meireles, a mentora da iniciativa. “Tenho alguns contactos na Polónia através de uma voluntária na Cruz Vermelha, que nos permitiu identificar quais as pessoas que vêm e quais as suas principais necessidades”, explica a jovem.
A iniciativa, a que se associaram empresas e instituições da região, conta com o apoio da Camara Municipal de Braga. Carla Sepúlveda, vereadora da ação social, admite que a missão pode não ficar por aqui e que mais autocarros poderão seguir para a fronteira com a Ucrânia.
“Há outras empresas que querem integrar uma nova iniciativa idêntica. Vamos tentar ao máximo repetir. Não sei se sozinhos, ou com outros municípios, mas vamos tentar trazer mais algumas pessoas”, adianta a responsável.
Até Wroclaw, na Polónia, o autocarro tem pela frente, pelo menos, dois dias de viagem. O regresso a Braga está previsto para esta segunda-feira.