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Seca. Agência Portuguesa do Ambiente inicia reuniões com comissões de gestão de albufeira

23 fev, 2022 - 08:52 • Fátima Casanova

Ronda começa no Algarve. Cristóvão Norte, deputado do PSD pelo círculo de Faro, diz que a situação é "insustentável" e acusa o ministro do Ambiente de inação.

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A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) inicia esta quarta-feira uma série de reuniões de âmbito regional com as comissões de gestão de albufeira, para analisar a situação de seca. O ciclo de reuniões começa pelo Algarve, região que já está em seca extrema.

Cristóvão Norte, deputado do PSD pelo círculo de Faro, diz que a situação é "insustentável" e critica o ministro do Ambiente por estar calado e nada ter feito.

"Eu interpreto esse silêncio como uma confissão de falhanço, porque este ministro está em funções há seis anos, conhece o problema, sabe o quão agudo ele é e apenas agora procura construir qualquer solução alternativa e essas soluções nem são claras", atira.

"Agora está a estudar-se a central de dessalinização, mas, por exemplo ,aproveitamento do Guadiana, novas barragens no Algarve e aproveitamento de outros cursos de água que agora jorram para o mar podiam garantir maior abastecimento à região e a salvaguarda dos interesses económicos."

Para o deputado, "o Algarve deveria ter mais barragens, que são reclamadas há muito tempo. Infelizmente foram precisos cinco anos para se inscrever no PRR, depois de um plano de gestão hídrica para a região, algumas medidas como a central de dessalinização. Embora nos últimos cinco anos o problema se tenha, progressivamente, tornado mais agudo, todos têm feito por o ignorar".

Cristóvão Norte avança que nas últimas horas interpelou o Governo sobre o que pensa fazer para mitigar os efeitos da seca no Algarve. e critica a indefinição de uma estratégia .

"Uns apontam o dedo ao golfe, que poderia já ter a possibilidade de reutilização de águas residuais para a rega, com poupanças consideráveis, se já tivesse sido feito o investimento. Outros apontam para culturas que consomem água, como a do abacate, mas tudo isso radica num desordenamento global de uma falta de estratégia e de visão de quem não é capaz de estabelecer um plano económico que tenha em consideração as limitações dos recursos hídricos que uma região como o Algarve sofre."

Poupar e fiscalizar

Também o presidente da AlgFuturo, União Empresarial do Algarve, pede mais ação para fazer face à situação de seca, que considera ser “aflitiva”.

José Vitorino, que foi também presidente da câmara de Faro e deputado pelo PSD, lamenta que não haja “uma única medida de poupança” de água e critica o Governo por “atuar em função do dinheiro e não em função de prioridades”.

Em entrevista à Renascença, José Vitorino considera que “não é tolerável falar de seca e não se tomarem medidas”, e que só agora com o PRR, o Plano de Recuperação e Resiliência, se fale em colocar em marcha o Plano Hídrico do Algarve com a nova central dessalinizadora.

Vitorino defende que é preciso poupar e sugere que “os municípios devem limitar consumo nas regas” e devem “combater as fugas nas redes” de abastecimento.

José Vitorino critica ainda as “milhares de piscinas particulares, na zona serrana, e que gastam imensa água sem controlo nenhum”. Defende, por isso, a necessidade “de definir medidas de poupança e decidir quem as fiscaliza” para travar abusos no uso da água.

O presidente da AlgFuturo lembra que “se fala de seca há dois meses, mas ainda não se poupou um litro de água” e defende que “se não chove, a única coisa a fazer é poupar”, uma vez que não foram construídas alternativas.

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