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"É preciso acreditar no rigor dos médicos". Ordem rejeita mortes Covid mal contabilizadas

08 fev, 2022 - 23:44 • Beatriz Lopes com Redação

O Bastonário da OM não vê mesmo "como é que seja possível" erros tão numerosos no boletim clínico da DGS e refere que mesmo um engano isolado "é muito difícil" de acontecer.

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O Bastonário da Ordem dos Médicos (OM) rejeita que haja mortes declaradas no boletim da DGS associadas à Covid-19 que não sejam devido à doença.

É a resposta às declarações de Miguel Araújo Abreu, médico do Centro Hospitalar Universitário do Porto, que, à Renascença, defendeu que a rapidez no reporte pode resultar em perda de informação clínica dos doentes.

“Tenho a certeza absoluta que todos os dias há mortes declaradas no boletim diário da DGS que não foram por Covid-19. Se fossem cinco ou três óbitos diários era difícil. Mas com 40, 50 ou 60 mortes por dia, a probabilidade de haver muitos desses óbitos que não são consequência da Covid-19 mas de muitas outras comorbidades que o doente tem é muito grande”, dizia o médico.

Em resposta, também ouvido pela Renascença, Miguel Guimarães descarta esta possibilidade e diz que "é preciso acreditar no rigor dos médicos".

"Um médico que faz a certificação do óbito tem de colocar como causa a doença ou outra situação clínica que o provocou. Temos de acreditar que os certificados são bem pensados. Os infecciologistas que dizem que estão a ser passados certificados de óbito errados têm de o provar, porque é grave", defende.

O Bastonário da OM não vê mesmo "como é que seja possível" erros tão numerosos no boletim clínico da DGS e refere que mesmo um engano isolado "é muito difícil" de acontecer.

DGS só reporta óbitos em concordância com regras da OMS

Num esclarecimento enviado à Renascença, a DGS adianta que "são analisados todos os certificados de óbito com o campo "Paciente infetado por SARS-CoV-2" assinalado, e destes apenas são reportados publicamente os óbitos devido à Covid-19, em concordância com as regras de codificação definidas pela OMS".

Assim, depreende-se que qualquer erro na classificação só ocorrerá se o clínico não preencher devidamente o documento. A DGS deixa ainda um exemplo - "na passada sexta-feira, foram analisados 74 certificados de óbito com registo de infeção por SARS-CoV-2, dos quais apenas 50 óbitos foram classificados conforme as regras da OMS como óbitos devido à Covid-19 e reportados no boletim diário".

"O relatório de situação diário reporta apenas as mortes devido à Covid-19. A declaração de qualquer óbito em Portugal faz-se acompanhar de um certificado de óbito, passado pelo médico que verificou o óbito no Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (SICO)", reafirma a entidade.

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