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Gondomar. Sentença obriga Câmara a desenterrar mais de mil mortos

07 jul, 2023 - 11:31 • Lusa

Presidente da Câmara de Gondomar diz-se em "estado de choque" com decisão, que considera "ilegal e sem sentido".

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O presidente da Câmara de Gondomar disse esta sexta-feira estar em "estado de choque" com a sentença que obriga a autarquia a desenterrar mais de mil mortos de um cemitério, considerando que a decisão é "ilegal e sem sentido".

Em declarações à Lusa, Marco Martins afirmou que a Câmara de Gondomar, no distrito do Porto, vai recorrer daquela sentença "até às ultimas consequências", considerando que, "entre outros aspetos", o tribunal não teve em conta o "lado sentimental da questão".

"Eu estou em estado de choque, completamente incrédulo. Com todo o respeito pela Justiça, esta decisão não tem pés nem cabeça, não tem em conta o aspeto sentimental da questão e, além disso, é ilegal."

Segundo a edição de hoje do Jornal de Notícias (JN), parte do cemitério n.º 2 de Rio Tinto está instalado, desde 2001, nuns terrenos alvo de uma disputa jurídica na qual é pedida a devolução de cerca de 10 mil metros quadrados que tinham cinco donos e foram vendidos à autarquia por uma imobiliária como "livre de encargos ou ónus".

O JN refere que, apesar disso, o tribunal deu como provado que a parcela referente a parte do cemitério, de 1.757 metros quadrados, não estava livre de encargos e não podia ser vendida à Câmara, porque não pertencia a quem fez a venda inicial.

O socialista Marco Martins argumenta que, "segundo a lei, nenhum corpo pode ser exumado até três anos após o seu enterro, pelo que a sentença não é exequível".

Por isso, garantiu, "a Câmara vai recorrer para a Relação, vai até às ultimas consequências e lamenta o alarme social gerado com a decisão do tribunal".

Na decisão hoje noticiada pelo JN, o tribunal recusa o argumento da autarquia de que os terrenos onde funciona aquele cemitério estão em domínio público, obrigando, desta forma, a que seja cumprida uma sentença de 2019, que obriga o município a devolver aqueles terrenos tal e qual como eles estavam, ou seja, sem as estruturas do cemitério, incluindo os mais de mil defuntos ali enterrados.

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  • Elsa
    07 jul, 2023 Lisboa 12:34
    Quem fez o negocio que chegue à frente não vão ser os mesmos do costume (contribuinte) a pagar. Estou para ver está democracia!
  • JOAQUIM MARTINS COUT
    07 jul, 2023 Porto 12:28
    Esta justiça tá mesmo de rastos, não há quem ponha termo a isto, desculpem que vos diga, isto contado ninguém acredita, mas é o país que somos, enfim.
  • Francisco
    07 jul, 2023 Valbom 12:11
    Penso que era de evitar . Câmara nao pode comprar propiedade privada sem saber se a imobiliária vende ilegalmente.
  • Jose Barbosa
    07 jul, 2023 Braga 12:00
    Isto é muito mais que as questões legais ligadas aos 3 anos necessários para uma exumação. É inaceitável, criminosos, total desrespeitou pelos mortos e pelos familiares. Que as pessoas se unam e impeçam esta palhaçada. O Vaticano tem de ter conhecimento disto, e cancelar já a presença do papa Francisco nas JMJ se ninguém recuar já nesta questão

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