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Setúbal. Mais de 190 médicos solidários com diretores demissionários do hospital

15 out, 2021 - 08:40 • Lusa

O diretor clínico e 87 diretores de serviço e chefias médicas pediram demissão. Em causa a situação de rutura nas urgências, a falta de recursos humanos e a degradação progressiva de vários serviços.

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Pelo menos 191 dos 267 médicos do Centro Hospitalar de Setúbal (CHS) estão solidários com os pedidos de demissão do diretor clínico e de 87 diretores de serviço e chefias médicas, revelou fonte próxima da direção clínica.

Num documento que deverá ser entregue à administração do CHS, em que manifestam solidariedade aos médicos demissionários, os signatários dizem concordar com a tomada de posição e com os motivos apresentados pelo diretor clínico e pelos diretores e chefes de serviço do CHS.

"Esta atitude visa a consciencialização das diversas hierarquias do poder político na área da saúde para tomarem as decisões adequadas que sejam capazes de resolver os candentes problemas do SNS (Serviço Nacional de Saúde) e, em particular, deste Hospital, com caráter de urgência", lê-se no documento a que a agência Lusa teve acesso e que nos próximos dias poderá merecer a adesão de mais algumas dezenas de médicos do CHS.

O diretor clínico do Centro Hospitalar de Setúbal, Nuno Fachada, apresentou a demissão do cargo no passado dia 30 de setembro, justificando a decisão com a situação de rutura nas urgências, falta de recursos humanos e degradação progressiva de vários serviços.

Na informação enviada aos médicos, aquando do pedido de demissão, Nuno Fachada justificava a decisão com a "não resposta sobre a requalificação e financiamento do CHS" - que é também uma exigência da Câmara Municipal e da população de Setúbal - e com a "falta de condições de atratividade dos médicos".

Por outro lado, o diretor clínico do CHS dava conta de uma "situação de rutura e agravamento nas urgências médicas, obstétrica, EEMI [Equipa de Emergência Médica Intra-Hospitalar]", de "dificuldades" nas escalas de pediatria, cirurgia, via verde AVC e urgências internas, e de subaproveitamento dos blocos operatórios devido à falta de recurso humanos.

Poucos dias depois, em 6 de outubro, 87 diretores e chefes de serviço do CHS solidarizaram-se com o "grito de revolta" do diretor clínico e também anunciaram a intenção de se demitirem.

As tomadas de posição do diretor clínico, diretores e chefes de serviço, contam agora com a solidariedade da grande maioria dos restantes médicos do CHS, 191 dos quais já subscreveram um documento em que se solidarizam com as referidas tomadas de posição e com os motivos invocados para as mesmas.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, tem vindo a alertar, pelo menos desde fevereiro de 2020, para a insuficiência do espaço físico e de meios humanos no Hospital de São Bernardo, principal unidade de saúde do CHS.

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