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Acabou o prazo. Chefes de urgência do Santa Maria demitem-se

22 nov, 2021 - 14:50 • Marta Grosso com Lusa

Os médicos tinham ameaçado sair se não fossem resolvidos os problemas mencionados na carta enviada à administração no dia 10. Nove vão também deixar de fazer urgência.

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Foi concretizada a ameaça de demissão dos dez chefes das Urgências do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, que nesta segunda-feira apresentaram a demissão em bloco.

A informação foi confirmada na tarde desta segunda-feira à Renascença pelo secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

"Estou em condições de confirmar a demissão dos 10 chefes de equipa de cirurgia que, depois de há quinze dias terem tornado pública esta possibilidade, depois de vários meses de tentativa de ultrapassarem o problema, hoje formalizaram a sua demissão", anunciou Jorge Roque da Cunha.

No passado dia 10, estes médicos, chefes da equipa de urgência cirúrgica, tinham dado até dia 22 (esta segunda-feira) para serem encontradas soluções para os problemas existentes, nomeadamente a situação da escala de serviços, que consideram “não ser exequível”.

Nessa altura, os clínicos pediram também uma reunião urgente com o diretor clínico do hospital, que se mostrou disponível para aceitar as exigências.

Perante este quadro, Roque da Cunha acusa o Governo de estar numa "atitude de negação" que deixa o país "estupefacto" perante as declarações da ministra da Saúde sobre contratação de médicos.

"Todos os dias, todas as semanas, nós sabemos que [há problemas], em Leiria, em Setúbal, em Castelo Branco, em Portalegre. O grande problema é esta atitude de negação, de não se perceber que é preciso investir no SNS e não fazer propaganda. Porque, quando a propaganda esbarra com os factos, os factos ganham sempre", remata o sindicalista.

“O Conselho de Administração do CHULN mostra total abertura e empenho na melhoria das questões identificadas, tendo já agendado reuniões com os respetivos serviços para o início da próxima semana para lhes dar rápida resposta”, dizia o comunicado enviado à Renascença.

Segundo os médicos demissionários, as condições de trabalho na urgência cirúrgica “têm-se agravado nos últimos anos” e piorado nos tempos mais recentes.

As duas partes não terão chegado a acordo e a demissão foi apresentada.

Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, o Conselho de Administração do CHULN “não deu qualquer resposta às pretensões dos médicos que eram muito claras”, pelo que foi concretizada a demissão.

Os médicos fizeram “uma proposta de linha vermelha” ao Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHULN), mas como este respondeu de “forma evasiva” decidiram que, a partir de dezembro, vão comunicar que "já não fazem urgência porque têm mais de 55 anos”, além de irem limitar as horas extraordinárias, acrescenta João Proença, em declarações à agência Lusa.

Assim, “não só deixam de ser responsáveis de equipa como deixam de fazer bancos de urgência”, ao abrigo da lei, o que “vai tornar insolúvel o problema do Serviço de Cirurgia do hospital central da área de Lisboa e ainda por cima universitário”, salientou o representante sindical.

A situação na urgência cirúrgica ainda se degradou mais depois da recentemente pela tomada de posição dos assistentes hospitalares, que recusam ultrapassar, nas atuais condições de trabalho, as horas extraordinárias consideradas na lei.

Os chefes das equipas demissionários mostram-se solidários com os assistentes.


[Notícia atualizada às 18h34, com declarações de Jorge Roque da Cunha, do SIM, à Renascença]

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