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Hospital de Leiria. Falta de médicos condiciona urgência durante a noite

12 out, 2021 - 22:18 • Lusa

Medida vigora desde as 22h00 desta quarta-feira e, segundo o hospital, é motivada por "muitas falsas urgências" e pelo facto de o Hospital de Leiria estar a receber doentes respiratórios provenientes das Caldas da Rainha.

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O acesso ao serviço de Urgência Geral do Hospital de Santo André, em Leiria, vai estar limitado a partir das 22h00 desta terça-feira e até às 08h00 de quarta-feira, anunciou o Centro Hospitalar de Leiria (CHL).

Num comunicado divulgado, o CHL informa que, a partir das 22h00, "o acesso ao Serviço de Urgência Geral do Hospital de Santo André será limitado, com o possível reencaminhamento de alguns doentes para as Urgências do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra".

Segundo o CHL, esta situação, que ocorrerá até às 08h00 de quarta-feira, deve-se “a três razões essenciais”, como o facto de “continuarem a acorrer ao CHL muitas falsas urgências (às 17h00 de hoje, dos 20 utentes que estavam em espera para serem observados, 14, ou seja, 70%, eram não urgentes)”.

A medida é também justificada por as “Urgências da ADR [Área Dedicada para Doentes Respiratórios] do Hospital das Caldas da Rainha do Centro Hospitalar do Oeste terem encerrado ontem [segunda-feira] e estarem a ser reencaminhados doentes” para o hospital de Leiria.

Outra razão prende-se com o facto de na segunda-feira “se ter registado o recorde desde 1 de janeiro deste ano do número de doentes atendidos no Serviço de Urgência Geral” do Hospital de Santo André “de 404 doentes, sem que tenha sido possível, não obstante todos os esforços, alocar reforços médicos necessários para uma resposta compatível”.

No comunicado, o CHL reitera o apelo para que os utentes se dirijam “ao Serviço de Urgência apenas em casos mesmo urgentes”.

“No seu próprio interesse, os utentes devem adotar as medidas já divulgadas em situações anteriores, utilizando de forma correta as urgências hospitalares. Recorda-se que, em caso de doença, o primeiro contacto deverá ser para a Linha SNS 24 - 808 24 24 24, que disponibiliza aconselhamento e encaminhamento em situação de doença e medicação”, adianta.

O CHL pede ainda aos utentes que recorram aos “cuidados de saúde primários, dirigindo-se ao seu centro de saúde para serem assistidos pelo seu médico de família, ou pelo seu médico assistente, ou para serem observados na consulta aberta”.

“Destaca-se que o Centro de Saúde da Marinha Grande dispõe do Serviço de Atendimento Permanente, que funciona 24 horas por dia, todos os dias, bem como o Centro de Saúde de Ourém, que tem um Atendimento Complementar, que funciona aos sábados, domingos e feriados, das 09h00 às 19h00”, acrescenta o comunicado.

Segundo o seu ‘site’, o CHL, que integra também os hospitais de Pombal e de Alcobaça, tem como “área de influência a correspondente aos concelhos de Batalha, Leiria, Marinha Grande, Porto de Mós, Nazaré, Pombal, Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera, Ansião, Alvaiázere, Ourém e parte dos concelhos de Alcobaça e Soure, servindo uma população de cerca de 400.000 habitantes”.

Ordem dos Médicos critica

A Ordem dos Médicos do Centro condenou o encerramento das urgências do Hospital de Leiria, considerando que situação é grave e resulta da “gestão negligente” do Governo.

Para o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), Carlos Cortes, citado na nota, “tal situação gravíssima resulta de uma gestão negligente por parte do Ministério da Saúde que pode redundar em consequências graves para a população”.

“Esta situação é inédita para um hospital desta importância e configura o que está a acontecer em todo o Serviço Nacional de Saúde, uma rutura muito preocupante da sua capacidade de resposta”, sublinha Carlos Cortes.

O responsável adiantou ainda que a direção clínica do hospital de Leiria deu conta que “neste momento estão 140 doentes dentro da urgência” e que o hospital “não tem capacidade para assumir mais doentes”.

“Recorde-se que, dada a gravidade da situação que tem ocorrido no Hospital de Leiria, a SRCOM apelou recentemente à intervenção direta da Ministra da Saúde que, até ao momento, não deu qualquer resposta concreta para resolver este problema, configurando um ato de profunda negligência e irresponsabilidade para a população do distrito de Leiria”, lamentou.

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