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Estudo. Um terço dos médicos de família ainda apresenta reservas sobre genéricos

13 out, 2021 - 09:58 • Lusa

Já quase três quartos dos utentes equiparam os genéricos aos medicamentos originadores em termos de qualidade, eficácia, segurança e controlo e dizem seguir a terapêutica se prescrita ou recomendada pelo médico.

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Um em cada três médicos de Medicina Geral e Familiar inquiridos num estudo sobre medicamentos genéricos ainda apresenta algumas reservas relativamente à sua eficácia e um quarto sobre a sua composição em relação aos fármacos originadores.

O Estudo de Perceção dos Medicamentos Genéricos, promovido pela APOGEN - Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares, foi realizado pela GfK Metris em março e abril deste ano, envolvendo uma amostra de 801 utentes com 55 ou mais anos, 300 médicos de Medicina Geral e Familiar e 300 farmacêuticos comunitários a exercer em Portugal continental.

Segundo a APOGEN, "o estudo pretendeu aferir os determinantes, as barreiras e os facilitadores no processo de adoção dos medicamentos genéricos (MG) em Portugal, principalmente nesta fase pós-pandemia em que o país e os cidadãos enfrentam incerteza e grandes constrangimentos financeiros e o Serviço Nacional de Saúde sofre a pressão do retomar das atividades assistenciais".

Os resultados do inquérito apontam que 85% dos utentes e 80% dos médicos de família consideram a existência de genéricos como "positiva" ou "muito positiva", destacando como principal vantagem o preço.

Apontam com fatores decisivos para a prescrição destas soluções terapêuticas a condição económica do doente, a diferença de preço e as classes terapêuticas.

Mas, apesar dos genéricos existirem em Portugal há mais de 20 anos e sob a mesma regulamentação legal dos medicamentos originadores, um terço dos médicos de família apresenta algumas reservas sobre a sua qualidade/eficácia e um quarto sobre a sua composição em relação aos originais, salienta o estudo.

Já quase três quartos dos utentes equiparam os genéricos aos medicamentos originadores em termos de qualidade, eficácia, segurança e controlo e dizem seguir a terapêutica se prescrita ou recomendada pelo médico, enquanto 17% apontam algumas preocupações como "uma potencial menor eficácia" face ao fármaco original.

Cerca de dois em cada três inquiridos diz optar sempre pelo genérico, por considerar que será sempre mais barato, sendo que apenas aproximadamente 15% rejeita a sua utilização.

Os farmacêuticos comunitários também têm uma perceção favorável sobre os genéricos, com 96% a recomendá-los. Os restantes só o fazem quando os utentes pedem a opinião.

Consideram que as suas características são equiparadas aos medicamentos de referência e apontam entre os fatores positivos o melhor preço para os utentes e a rentabilidade para as farmácias. Observam, contudo, que existem demasiadas marcas e flutuação de preços, pelo que metade dos farmacêuticos considera que o laboratório é um fator importante na seleção dos genéricos.

O conhecimento do direito, enquanto doente, de escolher o MG também está "bem presente" na população, principalmente entre os residentes do Grande Porto e Centro litoral e com um rendimento líquido do agregado superior a 2.000 euros.

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  • José J C Cruz Pinto
    13 out, 2021 ILHAVO 10:19
    Algo me diz que é aqui necessária uma investigação minuciosa (sem intervenção da Ordem dos Médicos, obviamente) para se ter a certeza de que as reservas têm base científica ou outra credível, e não são produto de interesses e pressões de outra natureza.

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