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Covid-19

Especialista avisa. Mais importante que a imunidade de grupo, é a “proteção de grupo”

16 set, 2021 - 23:00 • João Malheiro

À Renascença, o imunologista Miguel Prudêncio espera que o país comece a regressar à "normalidade", depois de alcançar a emta dos 85% de cidadãos com a vacinação completa. O especialista considera que ainda não há dados suficientes para se decidir aplicar um reforço vacinal.

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O imunologista Miguel Prudêncio considera que, mais importante que alcançar a imunidade de grupo, devemos é estar preocupados em alcançar a "proteção de grupo".

"A imunidade de grupo sugere que deixaria de haver capacidade de o vírus continuar a circular e a transmitir-se. Eu não acredito que isso venha a acontecer. O vírus vai continuar a circular, mas de forma endémica", aponta, à Renascença, esta quinta-feira.

"Existindo a proteção conferida pelas vacinas, sobretudo das pessoas mais vulneráveis, a circulação do vírus não se vai concretizar no risco de saúde que havia antes desta proteção", explica ainda.

Em antecipação à terceira fase de desconfinamento, que pode avançar na próxima semana, Miguel Prudêncio acredita que é tempo de voltar à "vida normal".

"Com 85% das pessoas vacinadas, temos de dar passos cautelosos, no sentido da normalização, porventura com precauções adicionais para grupos mais vulneráveis da população", considera o imunologista.

O especialista diz ainda que este regresso à normalidade também se deve aplicar às escolas, em particular, nos protocolos que lidam com casos positivos em contexto escolar.

"É importante que as escolas funcionem sem o risco de uma turma ter que ir toda para casa, porque um aluno testou positivo. Se isso acontecer, o aluno vai para casa, como qualquer criança doente, mas não é justificável que toda a turma tenha de ir para casa durante dez dias", defende, à Renascença.

Vacinas não atuam apenas através de anticorpos

Esta quinta-feira foi divulgado um estudo do Algarve Biomedical Center e da Fundação Champalimaud, feito em mais de cinco mil pessoas vacinadas, residentes e trabalhadores em lares de idosos, que conclui que, passados quatro meses após duas doses de vacina contra a Covid-19, há uma diminuição abrupta dos anticorpos.

Miguel Prudêncio lembra que a quebra de anticorpos nos mais idosos é um dado relevante, mas não o único fator a ter em conta para decidir sobre uma eventual terceira dose

"O estudo tem credibilidade e as conclusões deste estudo não estão em desacordo com o que sabemos do progresso da presença de anticorpos. Agora, a redução destes não é, necessariamente, uma indicação de perda de proteção", considera o imunologista.

"As vacinas atuam não só através dos anticorpos, mas também de outras vertentes do sistema imunitário. Por si só, uma baixa de anticorpos não é significativo. Seja como for, é uma indicação que vale a pena ter presente", explica ainda.

Questionado sobre a necessidade de uma dose de reforço das vacinas da Covid-19, o especialista pensa que ainda "não há dados suficientes" que permitam tomar esta decisão, apesar de reconhecer que as faixas etárias mais elevadas têm um risco maior de perda de proteção vacinal.

Miguel Prudêncio avisa ainda que, para além da medição de anticorpos, é preciso "acompanhar a produção de células T e monitorizar o aparecimento demasiado elevado de doença grave em pessoas vacinadas", para se perceber o nível de eficácia das vacinas.

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