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António Nunes é candidato à presidência da Liga e defende comando autónomo para os bombeiros

20 mai, 2021 - 08:50 • Celso Paiva Sol

O antigo inspetor-geral da ASAE apresenta-se esta quinta-feira como candidato à liderança da Liga dos Bombeiros Portugueses. Quer valorizar e rentabilizar o que os bombeiros sabem e podem fazer e para lhes dar a autonomia que perderam há duas décadas.

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Depois de ter sido presidente da Proteção Civil, diretor-geral de viação, inspetor-geral da ASAE, e mais recentemente responsável pelo Observatório de Segurança, Crime Organizado e Terrorismo, o economista de 66 anos quer agora ser presidente da Liga dos Bombeiros.

Um regresso às origens profissionais, explica, por “se estar a assistir a uma constante desvalorização daquilo que é a identidade e o trabalho dos bombeiros".

António Nunes sente que as opções políticas têm vindo a reescrever a história, diminuindo o papel e a capacidade que os bombeiros sempre tiverem e podem continuar a ter.

"Entendemos que não há necessidade de criar paralelamente outras forças de socorro, que concorrem e retiram determinados tipos de cenários aos bombeiros, quando os bombeiros já têm essa capacidade".

Se for eleito no Congresso da Liga, em outubro, António Nunes promete opor-se a esse tipo de caminho estratégico porque “não serve os interesses da população, desde logo porque há investimentos em duplicado”.

“Não nos parece que valha a pena estar a fazer investimentos de milhões de euros, quer na GNR - nas suas unidades que fazem intervenção inicial no fogo nascente, quer nas equipas de bombeiros florestais do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas. O que vale a pena, isso sim, é delimitar claramente o que é prevenção, organização e gestão territorial, daquilo que é combate e pós-combate", explica.

Financiamento, estatuto, comando único. As três ideias fortes da candidatura

António Nunes não só quer valorizar e rentabilizar o que os bombeiros sabem e podem fazer, como lhes quer dar a autonomia que perderam há duas décadas.

"É o único agente de proteção civil que não está sentado à mesa das reuniões com autonomia. Queremos uma separação das águas. A Proteção Civil está lá para coordenar e os representantes dos bombeiros têm que estar lá para receber essas instruções como estão os outros agentes, seja a PSP, a GNR, as Forças Armadas, o INEM, e os Serviços de Saúde. Tem que haver uma independência completa do comando dos bombeiros para responder a essas solicitações”, defende.

A criação de um comando único de bombeiros é uma das principais propostas que leva a votos, “pode manter-se a estrutura administrativa que já existe, mas com independência operacional".

Do programa eleitoral que apresenta a 5 meses das eleições, constam duas outras batalhas que promete travar.

A revisão dos modelos de financiamento das associações humanitárias de bombeiros, porque os atuais protocolos assinados com o INEM, com as administrações regionais saúde e com os hospitais, estão a provocar graves problemas de sobrevivência”.

Como se não bastasse, acrescenta António Nunes, há atrasos frequentes nos pagamentos, o que “está a estrangular alguns corpos de bombeiros”.

Por último, a proposta de criação de um estatuto que enquadre juridicamente um modelo que combine bombeiros voluntários e profissionais.

“Hoje em dia, a resposta a emergências tem que ter uma resposta imediata e isso não se coaduna exclusivamente com bombeiros voluntários. Temos que ter um conjunto de equipas em todos os corpos de bombeiros que possam responder a uma primeira emergência.

Mas esses corpos de bombeiros têm que ter um estatuto, uma carreira, têm que estar devidamente enquadrados nas leis laborais do país”.

As eleições para a presidência da Liga não têm ainda uma data certa, mas irão decorrer seguramente no final de outubro. Para além de António Nunes, até ver, há um outro candidato - António Carvalho, presidente da Federação Distrital de Lisboa da Liga dos Bombeiros.

O atual presidente, Jaime Marta Soares, no cargo já há 10 anos, não será recandidato.

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