05 mai, 2023 - 09:17 • André Rodrigues
A insuficiência cardíaca terá uma expressão cada vez maior na mortalidade em Portugal, alerta na Renascença o presidente da Associação de Apoio dos Doentes com Insuficiência Cardíaca.
Luís Filipe Pereira, que também foi ministro da Saúde entre 2002 e 2005, refere que a doença afeta “seguramente mais de 500 mil pessoas em Portugal” e que, até 2030, estima-se “um aumento da prevalência da ordem dos 50%”.
“São números muito significativos”, acrescenta Luís Filipe Pereira, que diz não ter dúvidas de que a insuficiência cardíaca “vai ser uma das principais – se não a principal – patologia crónica em Portugal e com cada vez maior expressão na mortalidade em Portugal”.
A insuficiência cardíaca consiste na incapacidade de o coração bombear a quantidade adequada de sangue para todo o organismo.
Cansaço e edemas nas pernas estão entre os principais sintomas, “que costumam ocorrer com muita frequência na população idosa, que tende a desvalorizá-los, porque acham que é tudo normal”.
Mas pode não ser, o que faz com a insuficiência cardíaca seja uma patologia “mal compreendida” pelos doentes e, por isso, diagnosticada já em fases mais avançadas que se traduzem em manifestações agudas, idas à urgência e hospitalização.
Doenças cardiovasculares
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Luís Filipe Pereira esclarece que “a insuficiência cardíaca é, já hoje, uma das principais causas de hospitalização de readmissão nos hospitais”, o que acaba por ter um peso acrescido para o Serviço Nacional de Saúde.
“Os custos com insuficiência cardíaca poderão ser à volta de 2% do total dos custos do SNS neste momento. Os custos totais anuais do SNS são de 14.000 milhões. Portanto, 2% serão à volta de 280 milhões por ano, em termos muito redondos”, detalha o ex-ministro da Saúde.
A doença pode, contudo, ser detetada com recurso a uma análise específica que não é comparticipada, mesmo que prescrita pelo médico de família.
Por isso, Luís Filipe Pereira defende uma generalização da deteção da doença “nos cuidados de saúde primários, no médico de família e não nas urgências”, porque “quanto mais cedo nós conseguirmos detetar, melhor prognóstico de vida e também menores os custos para o Serviço Nacional de Saúde”.
A insuficiência cardíaca é uma doença crónica e sem cura. Todos os anos, morrem cerca de 5.000 portugueses, vítima desta patologia.