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Fim da designação "pai" e "mãe" na escola? "Estamos a entrar num caminho que pode roçar o ridículo"

19 fev, 2019 - 19:05 • Hugo Monteiro , com redação

O alerta sobre medida que está em discussão em França é deixado pelo pediatra Mário Cordeiro, que vê "excesso de zelo em relação a coisas que não são, porventura, tão importantes como isso". Já os diretores escolares defendem alargamento do conceito de encarregado de educação.

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A eliminação da designação de "pai" e "mãe" nos formulários das escolas francesas, para não discriminar as pessoas do mesmo sexo, é compreensível, mas pode abrir a porta a situações “ridículas”, adverte o pediatra Mário Cordeiro.

Em declarações à Renascença, o especialista reconhece que até será aceitável que determinada escola possa querer retirar as palavras “mãe” e “pai” dos formulários escolares, porque poderá haver crianças com famílias homoparentais. No entanto, afirma Mário Cordeiro, mais complicado é se estes casos serviram de base para outras situações, em que é evidente o excesso de zelo.

“A questão é mais se vamos estender isso a outras circunstâncias. Parece-me um bocado exagerado esta coisa do excesso de zelo em relação a coisas que não são, porventura, tão importantes como isso. Acho bem que uma escola, tudo bem, não quer pôr pai e mãe porque pode haver dois pais e duas mães. Aí, não me choca, mas, se depois servir de exemplo para extrapolar, como tem sido um bocado misturado, para género feminino e género masculino nisto, naquilo e naqueloutro, aí é um salto de algum risco.”

Mário Cordeiro teme que se esteja a abrir portas a situações que poderão, facilmente, tornar-se, nas suas palavras, “ridículas”.

“Estamos a entrar num caminho que eu me atrevia a dizer, mesmo que simbolicamente possa ser importante, pode roçar o ridículo rapidamente. A determinada altura estamos a olhar para pormenores e esquecemos o essencial. Ainda no outro dia alguém brincava que ia fazer um discurso e era: ‘excelentíssimos senhores e excelentíssimas senhoras, com médicos e médicas, enfermeiros e enfermeiras, e técnicos e técnicos’. Brincava dizendo que a introdução demorava mais do que a mensagem da conferência.”

Diretores escolares defendem alargamento do conceito de encarregado de educação

O presidente da Associação de Diretores de Escolas Públicas, não comenta diretamente esta questão que está em debate em França e prefere olhar para a realidade portuguesa por um ângulo diferente.

Filinto Lima defende que é preciso alterar a lei para permitir que mais do que um elemento seja o encarregado de educação do aluno.

Filinto Lima diz que as escolas se confrontam com muitos pais divorciados, e que ambos querem ser encarregados de educação do respetivo filho. O presidente da Associação de Diretores de Escolas Públicas quer alargar o conceito de encarregado de educação.

“Já neste momento isso é um constrangimento quando temos pais separados, porque muitas vezes ambos querem ser encarregados de educação, mas os formulários e a lei só admitem que um seja encarregado de educação. Temos que evoluir em termos legislativos em Portugal para o alargamento do conceito do encarregado de educação, que na minha opinião deve ser mais do que uma pessoa: num caso tradicional, o pai e a mãe, mas admito que noutros casos se estenda a outras pessoas que vivam com convivam com os alunos”, afirma o presidente da Associação de Diretores de Escolas Públicas.

O pediatra Mário Cordeiro concorda com a ideia do alargamento do conceito de encarregado de educação.

“Isto levanta questões grandes, porque são ambos encarregados de educação, e muito mais quando há situações de divórcio litigioso, em que, segundo a lei, a formação escolar e as notas não podem ser transmitidas àquele que não é encarregado de educação, o que, felizmente, as escolas contornam e não ligam a esse aspeto”, sublinha o especialista.

Comentários
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  • Filipe
    22 fev, 2019 évora 13:48
    Só vejo as mulheres a criticarem a situação de igualdade de género na sua plena adesão ao abismo e quando lhes interessa . Não aparecem mulheres a reclamarem por não serem admitidas para trabalho de Pedreiro , a não serem admitidas na equipa da 1ª liga do Benfica para jogarem de igualdade com os homens , não vejo reclamarem porque no Desporto não competem com os homens de igual forma ... só vejo reclamarem quando querem aceder a lugares que lhes dê lucro sem trabalharem como a política e afins a ela ligada . Por mais que queiram igualdade os cientistas não conseguem provar essa igualdade , existem diferenças nos genes . Esqueci , também não vejo mulheres a querem vestir cuecas de homem . Para que esses doentes se assumam perante a sociedade e ficarem bem afamados , afirma tudo ou quase nada . Uns inúteis que devem utilizar a ADSE para se tratarem mentalmente . Só Hitler era apologista do ser especial que esta gente agora tenta conseguir o que não foi feito .
  • J M
    20 fev, 2019 Seixal 18:35
    Ridículo é um casal de pessoas do mesmo sexo poderem adotar crianças. É constrangedor para uma criança, quando chega à idade pré- escolar, aperceber-se que todos os seus amigos têm um pai e uma mãe e ela não. Na minha opinião todas as crianças no seu ambiente familiar devem ser educadas heterossexuais.
  • João Lopes
    20 fev, 2019 Viseu 10:05
    É compreensível que pessoas que não sabem quem é o pai nem a mãe tenham inveja das pessoas normais que têm um pai e uma mãe de que muito gostam!
  • Rui Henriques
    19 fev, 2019 Pombal 19:34
    A designação pai e mãe vai sempre existir no nosso vocabulário, por isso não podemos dizer que se trata de uma discriminação. No entanto nos formulários a eliminação destas designações parece-me bem pelos motivos apontados, que até podem ser constrangedores para o filho(a), podendo estas designações ser substituídas por "filiação" como já acontece em tantos documentos e formulários.

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