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Porto

Costa e Moreira reúnem-se para acelerar obras do "velho" Alexandre Herculano

07 jan, 2019 - 11:00 • André Rodrigues , com Lusa

Um concurso público lançado pela Câmara do Porto para reabilitar a Escola Secundária Alexandre Herculano não teve concorrentes e reforça-se o cenário de derrapagem nos prazos da reabilitação do liceu que serviu, durante décadas, a zona oriental do Porto.

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O primeiro-ministro, António Costa, reúne-se esta segunda-feira com o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, para tentar encontrar soluções para o impasse na requalificação na escola Alexandre Herculano.

De acordo com fonte de São Bento, citada pela agência Lusa, o objetivo do encontro é tentar “encontrar soluções para resolver o mais rapidamente possível” os atrasos nas obras. Na sexta-feira, Rui Moreira admitiu que as obras de requalificação da escola possam "derrapar" cerca de nove a dez meses, dado que é necessário lançar um novo concurso público internacional.

"O lançamento de um concurso público implica sempre, no mínimo, seis, sete meses porque são concursos públicos internacionais, portanto, isto vai, provavelmente, fazer derrapar qualquer coisa como nove, dez meses e é por isso mesmo que, quando me perguntam quando é que a obra vai estar pronta, eu digo sempre não sei porque estas vicissitudes ocorrem", afirmou.

Na quinta-feira, a autarquia revelou que o concurso público lançado pela Câmara do Porto para reabilitar a Escola Secundária Alexandre Herculano "não teve concorrentes", adiantando ter "devolvido o assunto ao Governo" para que este tome as "competentes decisões".

De acordo com o município, o júri do concurso concluiu que, "apesar de ter havido 14 empresas interessadas na obra, nenhuma apresentou propostas válidas e quase todas declararam que o preço base de sete milhões de euros era insuficiente para a realização dos trabalhos".

A recuperação do antigo liceu, instalado num edifício do arquiteto Marques da Silva, previa a construção de um pavilhão polidesportivo a implantar no perímetro das instalações da escola.

A escola foi encerrada pela direção em 26 de janeiro de 2017 devido ao seu estado de degradação, que poderia pôr em causa a segurança de alunos, professores e funcionários, e reabriu portas em 13 de setembro daquele ano para algumas turmas após obras consideradas prioritárias.

A reabilitação da centenária Alexandre Herculano, imóvel classificado, esteve prevista para 2011, ano em que a decisão do XIX governo de suspender 40 investimentos e cancelar outros 94 previstos no Plano de Modernização das Escolas com Ensino Secundário determinou o cancelamento desta intervenção.

A reunião entre Costa e Moreira está marcada para as 16h00, na Casa do Roseiral.

Chuva na aula

"Telhados que caíram e que deixam entrar o frio", "chuva que entra nas salas de aula" por onde outrora havia janelas e tetos intactos e "salas desconfortáveis", mais ainda "quando o frio aperta".

É este, resumidamente, o quadro descrito pelos alunos da Escola Secundária Alexandre Herculano, no Porto, que continua à espera da conclusão das obras.

Em declarações à Renascença, o diretor da escola, Manuel Lima, reconhece que "são legítimas as queixas dos estudantes" e admite "eles é que acabam por ser os principais prejudicados por esta situação".

Manuel Lima lembra, contudo, que a Alexandre Herculano "já foi alvo de uma intervenção, diria, paliativa, mas que não chega para dar o conforto necessário aos alunos, sobretudo com o tempo mais frio".

Há dois anos, a escola chegou mesmo a fechar por manifesta falta de condições, tendo os alunos sido redistribuídos por outros estabelecimentos do Agrupamento de Escolas Alexandre Herculano.

Atualmente, as aulas funcionam dentro da normalidade possível, porque "não se consegue dar 10 passos sem encontrar um buraco numa parede, num teto ou no chão do ginásio", conta Pedro, um aluno do 12.º ano.

Também Igor, um estudante brasileiro recém-chegado, conta: "Há disciplinas que deixámos de ter, porque as salas não têm condições. É o que acontece, por exemplo, com as aulas de Química."

Além disso, "as paredes estão cobertas de fungos, as salas cheiram a mofo, são demasiado quentes no verão e demasiado frias no inverno".

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