19 jul, 2018 - 13:22
O Núcleo de Deontologia do Comando da PSP do Porto abriu um processo disciplinar aos dois agentes que se deslocaram ao local onde a jovem luso-colombiana Nicol Quinayas estava a ser agredida por um segurança da empresa 2045, na noite de São João, a 24 de junho.
A notícia foi avançada pelo jornal "Pùblico" esta quinta-feira. Segundo o jornal, em causa estará a suspeita de violação do dever de zelo pelo facto de esses dois polícias não terem detido o segurança em flagrante delito, nem perguntado à vítima se queria apresentar queixa.
Além disso, está a ser investigado o facto de os agentes terem registado em auto de notícia a agressão a Nicol Quinayas apenas três dias depois da ocorrência e já depois de a jovem ter feito queixa pessoalmente na esquadra. O processo disciplinar segue-se ao processo de averiguação interna instaurado na semana da agressão.
A seguir aos acontecimentos, a jovem colombiana de 21 anos, que vive desde criança em Portugal, queixou-se que os agentes que se deslocaram à zona da paragem de autocarros do Bolhão, onde estava a ser agredida por um segurança da empresa 2045, não a tinham ouvido.
Quando os agentes da PSP chegaram ao local, terão visto o segurança da empresa que faz a fiscalização dos autocarros da STCP (Sociedade de Transportes Colectivos do Porto) ainda com os joelhos em cima do corpo da jovem, a imobilizar-lhe o braço. Esta situação ficou gravada num vídeo que circula na Internet. No mesmo, vê-se sangue no chão.
O caso está a ser investigado pelo Ministério Público. Entretanto, Nicol Quinayas já foi ouvida pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) e o caso está em segredo de justiça, pelo que a jovem não pode comentar.
Na altura dos acontecimentos, em comunicado, a empresa de segurança confirmou a "ocorrência na STCP do Porto, na noite de São João, pelas 5h30/6h00", e confere que esta "foi comunicada à PSP, que esteve presente no local". "O processo de averiguações interno está a decorrer", indica a empresa, não adiantando quando o concluirá.
Sem nunca mencionar a acusação de "motivações racistas" avançada pela agredida, a 2045 refere, no entanto, ter "cerca de 3.000 funcionários, entre vigilantes e colaboradores da estrutura", que incluem "elementos de várias etnias", assegurando não haver "qualquer tipo de descriminação de nacionalidade, religião, raça ou género".