29 jun, 2018 - 11:11
O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), Paulo Rodrigues, garante que a PSP fez “o trabalho possível”, no caso das agressões a uma jovem de origem colombiana na noite de São João.
“O trabalho que a polícia fez foi aquele que era possível fazer na altura e que de alguma forma está dentro daquilo que são as normas”, garante o dirigente, em entrevista à Renascença.
Paulo Rodrigues esclarece, no entanto, que “há situações que muitas das vezes nos saem um pouco daquilo que é o nosso controlo direto, porque muitas das situações carecem de queixa, outras carecem de alguma iniciativa por parte das pessoas que são vítimas”.
O dirigente sindical acrescenta ainda que “às vezes a expectativa dos cidadãos e de algumas pessoas é maior que aquilo que é possível fazer”.
Em causa está o caso de Nicol Quinayas, de 21 anos, nascida em Portugal, mas de ascendência colombiana, alega ter sido violentamente agredida e insultada na madrugada de domingo, no Porto, por um segurança da empresa 2045 a exercer funções de fiscalização para a empresa STCP.
A Inspeção Geral da Administração Interna abriu um processo para esclarecer o caso junto da PSP e, em nota enviada às redações, o Ministério da Administração Interna (MAI) diz que o ministro Eduardo Cabrita "não tolerará fenómenos de violência nem manifestações de cariz racista ou xenófobo".
"Na sequência das questões suscitadas hoje por vários partidos parlamentares, relativas a uma ocorrência envolvendo uma cidadã colombiana no Porto, o Ministério da Administração Interna informa que, através da Inspeção Geral da Administração Interna, foi aberto um processo administrativo, que visa o esclarecimento da situação junto da Polícia de Segurança Pública", refere a nota do MAI.
Segurança afastado de funções ao serviço da STCP
O segurança da empresa 2045 ao serviço da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) que alegadamente agrediu a jovem já "não está ao serviço da STCP", disse à Lusa fonte da empresa.
De acordo com a fonte, o funcionário da 2045 não exercerá funções na STCP enquanto decorrer o processo interno de averiguações ao que se passou no passado domingo, na noite de São João.
Depois de o caso se ter tornado público, inicialmente pelas redes sociais e depois pelos jornais, a SOS Racismo condenou a agressão à jovem Nicol Quinayas, que reside em Gondomar, no distrito do Porto.
Segundo uma fonte da PSP do Porto contacta pela agência Lusa, a jovem "apresentou queixa por agressão ocorrida na noite de São João", no momento em que "aguardava na fila para entrar num autocarro da STCP".
Já a empresa de segurança privada 2045 revelou ter iniciado um processo de averiguações interno relacionado com a agressão.
Em comunicado, a 2045 confirmou a "ocorrência na [empresa] STCP do Porto, na noite de São João, pelas 5h30/6h00", e acrescenta que esta "foi comunicada à PSP, que esteve presente no local".
Sem nunca mencionar a acusação de "motivações racistas" avançada pela agredida, a 2045 refere, no entanto, ter "cerca de 3.000 funcionários, entre vigilantes e colaboradores da estrutura", que incluem "elementos de várias etnias", assegurando não haver "qualquer tipo de descriminação de nacionalidade, religião, raça ou género".
A Lusa voltou a contactar a empresa 2045 para saber se já haveria resultados da averiguação, mas até o momento ainda não obteve resposta.
A gestão da STCP foi entregue à Área Metropolitana do Porto e às autarquias que atualmente exploram a empresa.