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Acordo Ortográfico: Há marcha-atrás possível?

27 fev, 2018 - 23:35

O cineasta António Pedro Vasconcelos é um dos primeiros subscritores de um manifesto de cidadãos contra o acordo ortográfico e Ana Margarida Oliveira é produtora da RFM e foi professora de português, que não é 100% favorável ao acordo. Os dois discutiram na Renascença o tema.

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Ana Galvão- Acordo Ortográfico a discussão -27/02/18

O cineasta António Pedro Vasconcelos, um dos primeiros subscritores de um manifesto de cidadãos contra o acordo ortográfico, defende que “não se aproveita nada neste acordo ortográfico".

O cineasta responde que "se se admite que há uma coisa está mal, que se corrija o quanto antes ”.

Já Ana Margarida Oliveira, produtora da RFM e ex-professora de português, não acredita que se possa voltar atrás. "Isto é como o escudo e o euro. Teria dificuldade em fazer contas em escudos. Já teria dificuldade em voltar à grafia antiga”, defende.

O tema voltou ao Parlamento na semana passada através de uma petição e uma proposta do PCP .No projeto de resolução, o PCP considera que o Acordo Ortográfico foi ” caracterizado indubitavelmente por uma insuficiência da maturidade e da democraticidade de todos os processos conducentes à sua adoção”.

Comentários
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  • Isabel A. Ferreira
    03 mar, 2018 Porto 16:33
    A Ana Margarida Oliveira teria dificuldade em voltar à grafia portuguesa (nem pouco mais ou menos é antiga)? Bem, isso será problema dela. As crianças e os jovens têm uma capacidade superior à dos adultos, para aprenderem e desaprenderem o que quer que seja, e aqui o que está em causa é o "fabrico" dos analfabetos do futuro, por isso, os erros corrigem-se, e assim como aprenderam a escrever incorreCtamente, mais facilmente aprenderão a escrever correCtamente. Pela enésima vez repito: eu, que não serei mais esperta do que todos os outros, e que aprendi a ler e a escrever no Brasil, aos seis anos, precisamente na ortografia agora imposta às nossas crianças, quando regressei a Portugal, com oito anos, tive de desaprender a grafia brasileira, sem os cês e os pês e o modo de dizer (eu "chutava" flores para dentro das jarras, no Brasil "chuta-se" tudo e levei uns bolos nas mãos, para não "chutar" tanto - e isto não se esquece, mas agora nenhuma criança corre o risco de "levar bolos") e apreendi a escrever com os cês e os pês, num ápice. E quando tive de regressar novamente ao Brasil, com os meus 12 anos, deixei novamente os cês e os pês, e aqui estou eu, com a bagagem linguística de cá e de lá, e consegui. Por que não conseguirão as nossa crianças? Serão mais estúpidas do que eu? Não são. Com toda a certeza. Deixemo-nos de tretas: os erros CORRIGEM-SE. Não se perpetuam.
  • José Cruz Pinto
    01 mar, 2018 Ílhavo 17:44
    Não, o AO ou, melhor, o DO (ou DaO) não está definitivamente resolvido, nem nunca irá ficar, enquanto o português for falado e escrito por gente pensante. Quem vem dizer que quem protesta não leu o dito cujo porventura (1) não o leu ele/ela e, entre muitas outras coisas, (2) cuida muito pouco em usar a língua materna para se expressar com exactidão e se fazer entender. Essa de, como exemplo, ser facultativo distinguir formas verbais do presente e do passado, nem mesmo a um analfabeto pode lembrar (nem do norte). É mesmo um convite a um encolher de ombros face ao erro. Não venham com o "ph" e o "f" de "farmácia", e deixem de insultar o Fernando Pessoa invocando-o, porque o "phi" grego sempre se leu (e ainda hoje se lê) "f"; e quanto a escrever-se como se fala, não pode ser pelo facto de me apetecer mandar alguém "pró" diabo que o vou fazer tal qual por escrito. Há 20 (vinte) ou 30 (trinta) grafias diferentes do inglês e algumas do francês, para só falar destas duas línguas, todas respeitadoras do essencial da etimologia, da semântica, da fonética, e ... da gramática - sim, da gramática. Um desconchavo - é o que o DO (DaO) é e, se a ele não nos opusermos e o não violarmos persistentemente todos os dias, no que se tornará a língua portuguesa.
  • Benjamim Monteiro
    01 mar, 2018 Lisboa 15:57
    Pensava que este assunto já estava definitivamente resolvido. A maior parte das pessoas que estão contra o novo AO não o leram, nem sequer conhecem a razão histórica que levou a que fosse feito. Há sempre quem, mesmo sem conhecer os motivos, esteja contra. Fernando Pessoa, e muitos outros escritores, também esteve contra o Acordo de 1911. Pretendo respeitar o étimo recusou-se a escrever farmácia com um f. Não altura houve igualmente movimentos contra, e não foi por isso que o Acordo não foi para a frente. Fez anos depois ainda andamos nisto. Um autêntico desconchavo.
  • Francisco José
    28 fev, 2018 Carcavelos 22:42
    Este (des-)acordo foi imposto violando as regras impostas para ser aprovado. Quando se quer impor, viola-se as regras, esta, é uma regra habitual dos políticos portugueses. Se não volta atrás esse acordo vergonhoso para empobrecer a língua portuguesa, prevalece a imposição. Pretende-se no desacordo, perder-se a memória da origem da nossa língua, o Latim? Por acaso, existe alguma língua, cuja língua mãe é o Latim, que andou a cometer essa barbaridade?
  • Manuel C Figueiredo
    28 fev, 2018 Póvoa de Varzim 22:06
    O argumento usado por Ana Maria Oliveira é descabido: em nada, mas em nada mesmo, este tema tem comparação com o escudo-euro.
  • José Cruz Pinto
    28 fev, 2018 Ílhavo 13:39
    Mas o Desacordo Ortográfico tem algum espírito (!), racionalidade ou utilidade ?! Espírito, só se for o de maltratar a própria mãe; racionalidade, só se for a da ignorância, inconsistência, erro e preguiça; e utilidade, só se for a de continuar-se a publicar livros em português do Brasil e de Portugal (um já para sair em Maio) e em português de Angola, de Moçambique, etc), tal como se publicam livros e se digitam textos ingleses por processamento digital em inglês do RU, dos EUA, da Austrália, da Jamaica, ... de Singapura, ..., com a diferença de que a única coisa que no nosso caso se internacionaliza é (não a língua, como no inglês, mas) o erro, a idiotia e a inutilidade do dito Desacordo, para além da imerecida mas persistente irrelevância da língua portuguesa. E porquê ? Porque nem os Portugueses de gema conseguem (nem irão) concordar em como se deve falar e escrever na sua própria língua. Não fale o Snr. João Lopes no Fernando Pessoa - nem em ninguém com cabeça - porque, se ele acordasse e saísse da sepultura, ou morria logo ou marinhava pelas parede4s acima.
  • João Lopes
    28 fev, 2018 Viseu 08:24
    A língua é sobretudo o que se fala e como se fala, e por isso vai variando através do seu uso: está ao serviço das pessoas e não o contrário. Os especialistas sabem a origem das palavras, mas o falante normal não tem porque saber. Há mudanças ortográficas na língua portuguesa desde o século XII. A partir de 1904, por exemplo, deixou de escrever-se pharmácia. Fernando Pessoa nunca aderiu ao acordo ortográfico do seu tempo e escreveu sempre como havia aprendido na escola. E veio daí algum mal ao mundo, ou à língua portuguesa? Há sempre gente agarrada à letra e não ao espírito das coisas, defensora do imobilismo doentio e dogmático naquilo que pela sua natureza é volúvel e opinável. Mas há que respeitar a sua opinião…e também a opinião dos outros!
  • José Cruz Pinto
    28 fev, 2018 Ílhavo 04:58
    Sentir e opinar que é difícil ou impossível voltar atrás com a idiotia e malvadez do Desacordo Ortográfico é quase o mesmo que desistir de socorrer a própria mãe quando está a ser agredida.

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