12 dez, 2017 - 10:31
O segundo comandante distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Leiria, Mário Cerol, e o comandante dos bombeiros de Pedrógão, Augusto Arnaut, foram constituídos arguidos no âmbito do inquérito ao incêndio de Pedrógão Grande, que deflagrou no dia 17 de Junho.
A notícia relativa a Mário Cerol foi avançada pelo “Diário de Leiria” e confirmada pelo próprio à agência Lusa, a quem disse que foi ouvido na semana passada pelo Ministério Público. A Procuradoria-geral da República também confirma a constituição de um arguido, sem o nomear.
"Não posso falar mais nada", referiu Mário Cerol, acrescentando que não está a ter apoio jurídico por parte da Autoridade Nacional de Protecção Civil.
Outros responsáveis poderão ter sido constituídos arguidos esta terça-feira. Segundo o "Correio da Manhã", pelo menos dez pessoas ligadas à Protecção Civil, à GNR e a concessionárias de estradas.
Os arguidos estão a ser ouvidos pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Leiria.
O comandante dos bombeiros voluntários de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut, foi ouvido à tarde, às 14h00, na "qualidade de denunciado", disse fonte dos bombeiros à Lusa.
O incêndio que deflagrou em 17 de Junho em Pedrógão Grande (distrito de Leiria), atingindo vários concelhos vizinhos, esteve activo uma semana e causou, segundo o balanço oficial feito no Verão, 64 mortos e mais de 200 feridos. Registou-se ainda o atropelamento de uma mulher que fugia das chamas e, já em Novembro, morreu uma mulher que estava internada com ferimentos graves.
Na sequência da tragédia foi pedido um relatório. O texto de Domingos Xavier Viegas foi entregue ao Governo a 16 de Outubro e foi divulgado à excepção do capítulo seis, que faz uma descrição detalhada sobre as últimas horas de vida das vítimas mortais, bem como o que sucedeu ou terá sucedido com os sobreviventes durante os fogos.
O autor do documento considera que algumas das pessoas que acabaram por morrer teriam sobrevivido se não tivesse havido atraso dos meios de socorro.
Os incêndios florestais consumiram este ano mais de 442 mil hectares, o pior ano de sempre em Portugal, segundo os dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
O último relatório do ICNF, que analisa os dados entre 1 de Janeiro e 31 de Outubro, indica que arderam em Portugal 442.418 hectares de espaços florestais, metade dos quais no mês de Outubro (223.901 hectares).
[Notícia actualizada às 23h20 com indicação da existência de um segundo arguido confirmado]