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Marcelo está “muito preocupado” com jornalismo em Portugal

23 set, 2017 - 21:32

Chefe de Estado fez uma intervenção durante conversa entre jornalistas no Palácio de Belém.

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, está pessimista e "muito preocupado com o panorama do jornalismo em Portugal" e aconselhou cuidado numa eventual intervenção do Estado a apoiar os 'media' em crise.

O debate era sobre o futuro do jornalismo, e decorreu, hoje à tarde, nos jardins do Palácio de Belém, em Lisboa, numa conversa entre jornalistas, Clara Ferreira Alves, Isabel Lucas e Paulo Moura, moderada por outro jornalista, Carlos Vaz Marques.

Sentado na quinta fila, entre a assistência, Marcelo Rebelou de Sousa pediu a palavra para fazer uma intervenção em que alertou para os muitos riscos que o jornalismo atravessa, seja por culpa das novas tecnologias, da crise económica ou das transferências para estrangeiros de empresas portuguesas.

Assistiu-se, enumerou, à "multiplicação" e "à morte das rádios locais", as que não se associaram "em cadeias", à crise da imprensa não diária, à da imprensa diária e, mais recente, à das televisões.

A última crise económica, admitiu, "teve efeitos devastadores", o negócio no 'on-line' nem a TV por cabo, por exemplo, compensou as perdas nos media tradicionais.

Marcelo Revelo de Sousa apontou uma dificuldade para Portugal, que não dispõe de muitas fundações, ou mecenas, que apoiem o jornalismo.

E recordou a precarização, os baixos ordenados e perda de condições e meios dos jornalistas e das redações ao longo dos últimos anos.

Chegados aqui, disse o Presidente, "a situação é crítica", em que se chega a admitir, como aconteceu durante o debate, com Clara Ferreira Alves e Paulo Moura, que o Estado tenha um papel de apoio à comunicação social em crise.

Pode chegar-se a "situações que não são boas para a democracia", face à "degradação ou esvaziamento do papel do jornalismo", alertou.

Em primeiro lugar, devem ser os jornalistas a tentar dar respostas ao problema, mas depois "há uma responsabilidade pública, do poder político, em si mesmo".

Uma responsabilidade que, acrescentou, pode ser feita "com todas as precauções".

"Porque quando o poder político é chamado a intervir não resiste a intervir com uma mão pesada. E a pretexto de salvar a liberdade, pode não o fazer", afirmou, entre sorrisos, embora tenha dado o bom exemplo da RTP, em que o Estado está presente "respeitando o pluralismo e a liberdade de informação".

Em todo este processo de crise, a transferência para mãos estrangeiras de empresas portuguesas, sejam ou não de comunicação social, também tem as suas implicações.

Implicações que, exemplificou, chegam à comunicação social "pela via publicitária ou pela via da influência nos operadores ou por influência da disputa da propriedade da comunicação social".

O problema é mais vasto, deve implicar o empenhamento dos jornalistas e da sociedade em geral e Marcelo Rebelo de Sousa expressa algum pessimismo.

"Temo que, a não generalizar-se o debate e a não ser levado a sério pelos jornalistas e pela sociedade como um todo, se chegue muito tarde", disse, e terminou a sua intervenção com a frase "era só isto que eu queria dizer".

Comentários
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  • rosinda
    24 set, 2017 palmela 23:52
    na mesma corda tambem enfiava vital moreira e zita seabra !
  • rosinda
    24 set, 2017 palmela 23:45
    eu votaria somos coimbra ! prefiro votar em movimentos independentes falsos ! do que votar em palhços que saltam de partido em partido como e o caso de freitas do amaral , helena roseta ,e tanto outros todos enfiados numa corda dava uma fila de palmela a coimbra!
  • No país da diversão
    24 set, 2017 Lisboa 09:57
    Eu estou muito preocupado com as consequências do mau jornalismo. "Pode chegar-se a situações que não são boas para a democracia", mais do que isso, não são boas para a civilização. Se há crise no jornalismo, eles próprios têm culpa uma vez que o jornalismo que existe é de má qualidade, parece que nem sabem o que é uma notícia, todo o "lixo" é notícia, e existe censura. A função principal do jornalismo não é divertir o povo, mas sim denunciar factos graves que acontecem (e podem acontecer em todo o lado, repito em todo o lado) e assim proteger os mais fracos e contribuir para a transparência, isso é um sinal da civilização. O jornalismo deve explicar às pessoas as decisões do poder (todo o poder), e não limitar-se a descrever factos. Não basta dizer que é assim, é preciso explicar porque razão é assim, é também preciso fazer perguntas. Sei que isto dá mais trabalho, implica mais conhecimentos, mas não foi para isso que estudaram? Isto é que é jornalismo de qualidade. Lembro que os jornalistas não têm só direitos, também têm deveres.

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