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Estrada N236-1 só fechou “após a localização das vítimas mortais”

06 jul, 2017 - 16:48

Primeiro-ministro mantém confiança na ministra da Administração Interna e identifica apenas falhas de “menor relevância” no SIRESP.

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A estrada nacional N236-1 só foi encerrada quando foram localizadas vítimas mortais no grande incêndio de Pedrógão Grande, afirma o primeiro-ministro, António Costa.

O esclarecimento consta de uma das respostas às 25 perguntas colocadas pelo CDS ao chefe do Governo (leia em PDF).

“Segundo a GNR, até ao momento em que se verificaram as mortes, não foi comunicada àquela Força de Segurança qualquer decisão operacional relativa à necessidade de encerramento da estrada N236-1, não tendo sido recebida qualquer informação que alertasse para uma situação de risco, potencial ou efectivo, em circular pela via em causa”, refere o primeiro-ministro.

“Assim, de acordo com a GNR, a decisão de cortar a estrada N236-1 foi tomada apenas após a localização das vítimas mortais, por volta das 22h15 horas de dia 17 de Junho”, sublinha.

De acordo com as informações da GNR, 33 pessoas morreram na EN 236-1 e outras 14 pessoas "terão falecido em estradas e caminhos de acesso à EN236-1, para a qual se dirigiriam em fuga do incêndio".

O primeiro-ministro “reafirma manter a confiança política na senhora ministra da Administração Interna”, Constança Urbano de Sousa.

António Costa acrescenta que tomou conhecimento “da ocorrência de vítimas mortais, às 22h03, de dia 17 de Junho”. Deslocou-se de imediato para o Comando Nacional de Operações de Socorro (CNOS), aí tendo chegado às 00h15, de dia 18.

Falhas no SIRESP relativizadas

António Costa admite que ocorreram problemas com o SIRESP, mas relativiza-as. A rede SIRESP registou “dificuldades de comunicações”, sobretudo na zona de Pedrógão Grande, devido a uma falha na rede fibra óptica, mas nenhuma das 16 estações ficou fora de serviço.

À questão colocada por Assunção Cristas, se houve falhas no sistema de comunicações SIRESP no incêndio, o Governo explicou que “nenhuma das 16 estações ficou inoperacional ou fora de serviço, isto é, todas as estações estiveram em permanente funcionamento, ainda que algumas em modo limitado/local”.

Contudo, adianta o Governo, a destruição de troços de fibra óptica que asseguram a interligação das estações base ao resto da rede fez com que cinco das 16 estações base entrassem em modo local, tendo, a partir desse momento, a comunicação ficado limitada aos utilizadores registados em cada estação.

Devido a uma falha na rede fibra óptica que interliga as estações base foram registadas pelos utilizadores “dificuldades de comunicação”, sobretudo na zona de Pedrogão Grande, onde estava instalado o Posto de Comando das Operações (PCO), refere o documento.

"A partir das 19h38, apenas os operacionais com os terminais afiliados na estação base de Pedrógão Grande conseguiam falar com o Posto de Comando via rede SIRESP. O mesmo aconteceu para as restantes quatro estações base a partir do momento em que as mesmas entraram em modo LST [local], sendo estas falhas de menor relevância, considerando a área e o horário em que ocorreram", diz o texto.

O Governo explica que as quebras na fibra óptica levaram à utilização de comunicações redundantes, tais como, a Rede Operacional de Bombeiros, a Rede Estratégica da Protecção Civil e as redes móveis, que asseguraram as comunicações entre operacionais, mas com limitações.

Algumas evacuações não se realizaram atempadamente

De acordo com o documento, a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) admite que houve evacuações necessárias durante o incêndio de Pedrogão Grande.

Essas operações "não se conseguiram realizar atempadamente" devido à intensidade do fogo, em oito localidades do concelho, justifica.

Em causa estão as localidades de Troviscais Fundeiros, Torneira, Casal Valada, Vermelho, Mó, Mosteiro, Várzeas, Vila Facaia e Casalinho.

"A consequência até ao momento conhecida é a existência de quatro feridos assistidos pelo INEM no local."

"Aparenta causa natural"

Nesta resposta por escrito ao CDS, o chefe do Governo adianta que "face aos indícios recolhidos no local na madrugada de domingo, o incêndio aparenta causa natural."

"Foi entretanto instaurado um processo criminal, que se encontra em segredo de justiça, presidida pelo Ministério Público com a coadjuvação, nos termos da Lei, pelos órgãos de policia criminal, e no âmbito da qual se irão determinar a causa do incêndio e as demais questões relativas aos factos em investigação", sublinha António Costa.

Comentários
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  • rosinda
    06 jul, 2017 palmela 20:07
    na chuva o governo nao tem culpa!
  • rosinda
    06 jul, 2017 palmela 19:59
    este governo so vai assumir culpas no dia em que um marco se tornar em cinza!
  • Alves
    06 jul, 2017 França 17:54
    Se não foi o SIRESP então foi incompetência das chefias. E agora quem vai dar a cara por esta grande desastre?

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