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“Vai uma açorda?”. Está a chegar e é de poejo

14 mar, 2017 - 10:45 • Rosário Silva

Aos 30 anos, licenciada em Design de Moda, Felícia Amador venceu, em Marvão, um concurso municipal de ideias de negócio, com uma aposta na gastronomia regional e numa erva brava do Alentejo pouco conhecida.

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A ideia surgiu depois de ter tomado conta de um terreno da família. Ao percorrer a terra, Felícia Amador percebeu que ali crescia, de forma espontânea, uma das ervas mais características do Alentejo: o poejo.

“Como gosto muito de açorda, a verdadeira leva poejo, e porque na minha casa sempre houve um pote cheio do piso, surgiu esta ideia que decidi colocar a concurso na tentativa de poder vir a comercializar”, conta à Renascença a jovem alentejana.

Felícia venceu o Concurso Municipal de Ideias de Negócio de Marvão, promovido pela autarquia com o produto “Vai uma açorda?”. Apostou na “venda embalada do piso de poejo, azeite, alho e sal em frascos, para que qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, possa confeccionar, facilmente, a tradicional açorda alentejana”.

Aos 30 anos, licenciada em Design de Moda, Felícia confessa que sempre quis ter o seu próprio negócio. “Na zona, apenas existe um piso embalado, mas com coentros, que é comercializado por uma empresa de Portalegre”, esclarece. "A minha ideia, não sendo uma invenção, passa por tentar inovar e reinventar este prato tão apreciado da nossa gastronomia utilizando essa erva aromática que é tão nossa”, conta.

Felícia Amador está a tratar da parte burocrática para poder entrar no mercado o mais “rápido possível”, tanto mais que já tem alguns pedidos que quer satisfazer.

Como o dinheiro não abunda, nesta fase inicial, vai trabalhar, apenas ela, na “cozinha comunitária em Portalegre, no mercado, porque tem instalações certificadas”.

O prémio inclui mil euros, apoio jurídico, apoio na criação do plano de negócios, incubação gratuita na incubadora de empresas de Marvão, apoio na candidatura a apoios comunitários e apoio tutorial.

Poejo, a erva brava que muitos desconhecem

Há muita gente que não sabe que a verdadeira açorda, aquela do antigamente, é feita com poejo. Os coentros são mais fáceis de cultivar, mas o poejo dá outro sabor à nossa açorda já para não falar do aroma”, garante Felícia Amador.

A verdade é que nem sempre é fácil de encontrar. O poejo, erva brava, nasce no Alentejo espontaneamente e, normalmente, apenas na época da chuva.

O poejo, é assim, a par dos coentros, azeite, alho e água a ferver, um dos ingredientes daquela que já foi a “sopa dos pobres” e à qual apenas era necessário migar o pão para a tigela.

“O pão nunca falta na casa de um alentejano e como em todo o lado, também por cá, hoje em dia, as pessoas querem coisas práticas, rápidas e simples de fazer”, refere. “Com este piso colocado nos frascos e que mantém todo o sabor da açorda, a pessoa só tem de acrescentar o pão e, se quiser, os ovos, bacalhau ou pescada”.

Felícia quer também juntar ao seu produto um conjunto de “sugestões para quem não conhece e queira experimentar, inovando”.

À Renascença, enfatiza o facto de não ter “inventado nada”, mas apenas querer dar a conhecer “uma erva alentejana pouco conhecida” e que comercializada desta forma, “pode chegar a muita gente”.

Comentários
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  • F Soares
    14 mar, 2017 A da Gorda 12:58
    Poejo, erva desconhecida ?????? Ele nem se deixar ficar isolado tal o cheiro que tem.! E praticamente é só agua e terra !

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