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Trench. Uma criação portuguesa que ousa desafiar o xadrez

01 jun, 2015 - 16:00 • Redacção

É um jogo de tabuleiro, inspirado na I Guerra Mundial, a guerra das trincheiras. Por isso, chama-se Trench. É uma criação de um português de Vila do Conde, que tem mais planos na área e acredita no sucesso do seu trabalho. 

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Rui Alípio Monteiro ambicionou criar algo inovador. Com a ambição de “desafiar a hegemonia do xadrez”, criou um jogo. Pensou o design, as regras, a estratégia e transferiu, então, o campo de batalha para o tabuleiro. Inspirado na I Guerra Mundial, construiu um jogo cuja dinâmica retrata a guerra as trincheiras. Por isso, baptizou o jogo de Trench - "trincheira", em português.

Defeitos do Trench? O único, nas palavras do inventor, é ter nascido em Portugal. A ideia de criar um jogo que pudesse competir com o xadrez motivou Rui Alípio a pensar algo que julgava “quase utópico”. Mas materializou-o, e apresentou-o ao mundo em Janeiro de 2013. Desde então, o Trench passou a fazer parte dos hábitos de muitos e fãs e está hoje disponível em várias lojas e espaços comerciais bem conhecidos do grande público.

Rui Alípio apresenta a sua obra como “o xadrez da era moderna”. Apesar de ter o mesmo número de casas e de peças do bem conhecido tabuleiro de xadrez e de damas, o tabuleiro de Trench é disposto em forma de losango, o que permite traçar uma linha diagonal - a trincheira - que o divide em dois. De acordo com o criador do jogo, este é um elemento que confere ao Trench “uma identidade própria” que define a mecânica de jogo: “A estratégia muda consideravelmente conforme as peças estejam dentro ou fora da trincheira”.

Trench. Uma criação portuguesa que ousa desafiar o xadrez
Trench. Uma criação portuguesa que ousa desafiar o xadrez

Sem falsas modéstias...

Rui Alípio Monteiro não é propriamente modesto a falar da sua obra e da empresa que ergueu. Orgulhosamente, deu-lhe o nome de "Criações a Solo". Justifica: “Tudo foi criado por mim". Especifica. "A arte, o design, as regras... Foi tudo exclusivamente criado por mim”.

O jogo encontra-se numa fase de “implantação, meio termo com a institucionalização”. Embora ainda dedicado à conquista de público e parceiros, Rui Alípio não se livrou de um braço de ferro com a Microsoft. Mas venceu. A multinacional lançou um jogo denominado Trenched. Porém, com a marca Trench já no mercado, viu-se obrigada a alterar o nome e o próprio conceito do jogo - também desenvolvido em torno da I Guerra Mundial.

Para já, foram produzidos dois mil exemplares do jogo. Todos, praticamente, foram vendidos. A produção foi 100% portuguesa, algo que Rui Alípio enaltece e que Ester classifica de “extraordinário”.

Contudo, o criador de Trench ressalva o custo de produção “elevadíssimo” pelo facto de ter sido completamente “made in Portugal”. Para conseguir um preço de venda ao público que permita a massificação do jogo, Rui Alípio Monteiro assume que terá que criar uma versão “low cost”.

Rui Alípio crê que a falta de apoios empurrará o local de produção para fora de Portugal, algo que lamenta, mas que aponta como inevitável. Assegura, ainda, que o estabelecimento de parcerias com empresas por intermédio de “alianças estratégicas” é o impulso que falta para “lançar o Trench à escala global”.

Para além do investimento no jogo de tabuleiro, o inventor promete ir mais além e tem já outros planos na mira. A versão digital e dois jogos complementares serão os próximos projectos a arrancar. Afinal, revela, o Trench faz parte de uma trilogia, que será dada a conhecer ao público brevemente: “O Trench foi inspirado na primeira guerra mundial. Portanto, digamos que é terra. O segundo foi inspirado na segunda guerra, na força aérea, que teve a supremacia nessa guerra. Portanto, é o ar. O terceiro é inspirado na força naval, na marinha de guerra. Portanto, é o mar”.

A opinião de quem joga

Trench. A opinião de quem joga
Trench. A opinião de quem joga

A batalha já começou para Ester Simões, que se cruzou com o Trench numa apresentação do jogo realizada no Museu Militar do Porto, no âmbito do Dia Internacional dos Museus, recentemente assinalado.

Entre avanços e recuos de soldados, sargentos, capitães, coronéis e generais, Ester confessa que, com um “joguito de apenas 10 minutos”, as suas tropas ficaram em “posições difíceis”. Para esta estudante de Ciências e amante de xadrez, este é um jogo “claramente ofensivo”.

Ester distingue o Trench do xadrez, não só pelo acréscimo da trincheira, um elemento que considera “refrescante” e que confere “um estilo muito original” ao jogo, mas também pelo seu design característico.

Os militares estão entre os apreciadores do jogo, mas o fãs são de todas as condições e de todas as idades. No Museu Militar do Porto, Luís Gouveia, 12 anos, conheceu o Trench e gostou, porque "é preciso ter estratégia". Bruno Ribeiro, 15, destaca, por sua vez, "o design e a dinâmica do jogo".

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