18 nov, 2024 - 14:57 • Lusa
O chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou que "não aceitará uma paz ditada pela Rússia" na Ucrânia e frisou ser necessário "ter cuidado com soluções falsas que só contêm paz no nome".
Em entrevista ao jornal brasileiro Folha de São Paulo, Olaf Scholz, que se encontra na cidade brasileira do Rio de Janeiro para participar da Cimeiro do G20, disse que só é possível "alcançar a paz na Ucrânia com base no direito internacional, e isso exigirá enormes esforços".
"No entanto, a tentativa de alcançar uma paz justa e duradoura para a Ucrânia continua sendo o princípio que orienta nossa ação conjunta. Certamente não aceitaremos uma paz ditada pela Rússia", acrescentou.
Para além disso, o Presidente russo, Vladimir Putin, "tem de compreender que tentar ganhar tempo não vai resultar", porque a Alemanha não vai desistir do seu apoio ao governo de Volodymir Zelensky.
Estas declarações depois do líder ucraniano ter criticado, no seu tradicional discurso da noite, uma conversa telefónica entre o alemão e Putin na passada sexta-feira.
Para Zelenski, a comunicação abriu "uma caixa de Pandora" que permitirá novas conversações e contactos com a Rússia, o que "enfraquecerá" o seu isolamento.
Scholz, por outro lado, descreveu a conversa com Putin no domingo como "importante", numa aparição perante a imprensa antes de partir para a cimeira do G20 no Rio de Janeiro, uma vez que serviu para transmitir ao russo o apoio inabalável do Ocidente à Ucrânia.
Ainda assim, à Folha de São Paulo, o chanceler alemão frisou que " a Rússia, como membro do G20, não terminar esta guerra contra a Ucrânia que viola o direito internacional e continuar a ferir os princípios da Carta das Nações Unidas, não há fundamento para uma parceria baseada em confiança e cooperação dentro do bloco".
A 'cidade maravilhosa' acolhe hoje o primeiro de dois dias da cimeira do G20, presidida pelo chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva, país que este ano assumiu a liderança do grupo das 20 maiores economias do mundo, que agregam cerca de dois terços da população mundial, 85% do Produto Interno Bruto (PIB) e 75% do comércio internacional.
Entre os principais líderes presentes destaca-se o Presidente cessante dos Estados Unidos, Joe Biden, e o líder chinês, Xi Jinping.
O principal ausente será o Presidente russo, Vladimir Putin, representado pelo seu chefe da diplomacia, Sergei Lavrov, já que o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão contra Putin por crimes de guerra no conflito na Ucrânia.
Para além dos representantes dos países membros plenos do grupo, mais a União Europeia e a União Africana, são esperados representantes de 55 países ou organizações internacionais, entre os quais Portugal - país convidado pelo Brasil -, que será representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, Angola, representado pelo seu Presidente, João Lourenço, e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Os membros do G20 - EUA, China, Alemanha, Rússia, Reino Unido, França, Japão, Itália, Índia, Brasil, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Indonésia, México, Turquia e, ainda, a União Europeia e a União Africana - representam as maiores economias, cerca de 85% do Produto Interno Bruto mundial, mais de 75% do comércio mundial e cerca de dois terços da população mundial.