17 jun, 2024 - 22:53 • Ricardo Vieira
O jantar de líderes europeus desta segunda-feira à noite terminou sem um acordo sobre o nome de António Costa para presidente do Conselho Europeu e em relação à nomeação de outras personalidades para outros cargos europeus.
A notícia foi confirmada por Charles Michel, o atual presidente do Conselho Europeu, numa declaração aos jornalistas.
Charles Michel sublinha que a decisão sobre os nomes para os altos cargos europeus vai ser fechada na reunião dos chefes de Estado e de Governo europeus, da próxima semana, em Bruxelas.
"Não houve um acordo esta noite. Os partidos políticos fizeram propostas e nos próximos dias teremos oportunidade de trabalhar e preparar as decisões que temos de tomar", sublinhou Charles Michel.
O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, disse aos jornalistas no final do jantar que "reitera o apoio de Portugal e da AD" a António Costa para presidente do Conselho Europeu.
Luís Montenegro espera que seja possível chegar a um acordo na reunião formal da próxima semana, com a luz verde das três principais famílias no Parlamento Europeu: PPE, Socialistas e Liberais.
"Tive mais uma vez oportunidade de reiterar de forma absolutamente inequívoca o apoio de Portugal, do Governo português, da Aliança Democrática e posso dizê-lo também - como fiz junto dos meus colegas do PPE, de que se trata de uma candidatura que reúne todas as condições para ser aceite", sublinhou o primeiro-ministro.
De acordo com Luís Montenegro, os líderes europeus falaram também do resultado das eleições europeias, do apoio à Ucrânia, preocupações com segurança e defesa, regulação dos fluxos migratórias, necessidade de uma agenda de transformação económica, entre outros dossiers.
Já o Presidente francês, Emmanuel Macron, disse que os líderes europeus precisam de "marinar" a decisão sobre os altos cargos europeus, mas acredita que um acordo está próximo.
As reuniões bilaterais vão continuar agora nos corredores das instâncias europeias.
O Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, propôs na reunião informal desta segunda-feira que o cargo de presidente do Conselho Europeu seja dividido por dois políticos, em mandatos de dois anos e meio, avançou o jornal El Pais. Trata-se de uma solução semelhante à alcançada em Portugal para a presidência da Assembleia da República.
Além de António Costa para o Conselho Europeu, em cima da mesa está a recondução da alemã Ursula von der Leyen na Comissão Europeia, da maltesa Roberta Metsola na presidência do Parlamento Europeu e Kaja Kallas, da Estónia, para o cargo de alto representante da UE para as Relações Externas, lugar atualmente ocupado pelo espanhol Josep Borrell.
Antes do encontro informal de líderes europeus, o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, disse que esperava esclarecimentos de António Costa sobre a Operação Influencer, que levou à sua saída do Governo e em que foi ouvido recentemente pelo Ministério Público, a seu pedido.
“Ainda me lembro de António Costa como um bom colega no Conselho Europeu e foi um primeiro-ministro bastante eficaz e eficiente. Com certeza, ele tem competências. Mas precisamos de esclarecer o contexto jurídico, vocês sabem do que estou a falar”, disse Donald Tusk aos jornalistas.