29 abr, 2024 - 16:13 • Marta Pedreira Mixão com Agências
Foi apresentada, esta segunda-feira, uma proposta de cessar-fogo na Faixa de Gaza que visa a suspensão dos confrontos durante 40 dias e a libertação de reféns.
A atual proposta apresentada ao Hamas prevê a libertação de prisioneiros palestinianos em troca da libertação de reféns israelitas, segundo avançou o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron.
De acordo com a Reuters, a proposta de Israel implicava um acordo para a libertação de menos de 40 dos cerca de 130 reféns que se pensa estarem ainda detidos em Gaza, em troca da libertação de palestinianos presos em Israel.
A segunda fase de uma trégua consistiria num "período de calma sustentada", como resposta de Israel a uma exigência do Hamas de um cessar-fogo permanente.
Segundo o New York Times, Israel reduziu o número de reféns que pretende libertar durante a primeira fase desta nova trégua proposta em Gaza, mas o Hamas não comentou a proposta até ao momento.
"Espero que o Hamas aceite este acordo e, francamente, toda a pressão do mundo e todos os olhos do mundo deveriam estar hoje sobre eles a dizer 'aceitem o acordo'", acrescentou Cameron durante uma reunião especial do Fórum Económico Mundial realizada em Riade, reiterando as palavras anteriores do secretário de Estado norte-americano Antony Blinken, que já tinha considerado a proposta "muito generosa".
Cameron referiu ainda que os dirigentes do Hamas e os que participaram no ataque de 7 de outubro em Israel têm de abandonar Gaza antes de ser possível encontrar uma solução política com dois Estados e garantiu que o conflito só terminará quando todos os reféns forem libertados.
As autoridades ocidentais e árabes estão reunidas na Arábia Saudita para discutir a possibilidade de chegar a acordo para um cessar-fogo e os reféns, após quase sete meses de guerra entre Israel e o Hamas.
Os Estados Unidos, o Egipto e o Qatar têm estado a mediar as negociações de tréguas desde janeiro, com a participação de outros países. No último acordo alcançado verificou-se uma pausa de uma semana nos combates, em novembro, durante a qual o Hamas libertou mais de 100 reféns e Israel libertou cerca de três vezes mais prisioneiros palestinianos.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Stephane Sejourne, disse esta segunda-feira que tudo estava a progredir antes das conversações planeadas com os ministros árabes e ocidentais em Riade.
Uma delegação do Hamas encontra-se no Cairo para debater a mais recente proposta de cessar-fogo, num momento em que os mediadores aumentam os esforços para chegar a um acordo.
O facto de Israel ter reduzido o número de reféns que pretende que o Hamas liberte dá uma réstia de esperança para o avanço destas negociações de cessar-fogo, que poderão recomeçar já na terça-feira.
Durante meses, Israel exigiu que o Hamas libertasse pelo menos 40 reféns - mulheres, idosos e pessoas gravemente doentes - para garantir uma nova trégua, mas, agora, o governo israelita estará disposto a aceitar apenas 33, segundo avançou o NYT.
As declarações de Cameron e Blinken são mais um reforço da pressão estrangeira sobre ambas as partes para que cheguem a um compromisso.
Israel terá afirmado estar pronto para aceitar um cessar-fogo temporário durante uma troca de reféns.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, considerou "extraordinariamente generosa" a mais recente proposta de cessar-fogo apresentada por Israel ao grupo islamita Hamas em troca da libertação dos reféns.
"O Hamas tem diante de si uma proposta extraordinariamente generosa. Deve agora decidir e decidir rapidamente", defendeu Blinken a partir da Arábia Saudita, onde participa no Fórum Económico Mundial, aproveitando para agradecer ao Egito e ao Qatar pelos esforços de mediação.
O chefe da diplomacia dos EUA reiterou o "firme apoio" do seu país an Israel, mas relembrou que Washington tudo fará para evitar uma escalada do conflito, lamentando que a população de Gaza tenha ficado envolvida numa "terrível troca de tiros provocada pelo Hamas".
"Dissemos claramente que, na ausência de um plano para que os civis não sofram danos, não podemos apoiar uma ofensiva contra Rafah", insistiu Blinken, acrescentando que os Unidos ainda não conhecem esse plano das autoridades israelitas.
Blinken também sublinhou "a necessidade de se estar preparado para um plano do dia seguinte em Gaza", incluindo aspetos relacionados com segurança, governação, ajuda humanitária e reconstrução.