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Exército designa zona segura a sul de Gaza mas organizações pedem garantias

08 dez, 2023 - 04:43 • Lusa

Com cerca de 20 quilómetros quadrados a sudoeste de Gaza, Muwasi está no centro de uma batalha acirrada entre Israel e organizações humanitárias internacionais sobre a segurança dos civis do território.

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Israel designou uma pequena faixa de terra, ao longo da costa mediterrânica de Gaza, como zona segura, para onde as pessoas podem fugir dos ataques e receber abastecimentos humanitários, mas as organizações internacionais alertam para a falta de garantias.

Com cerca de 20 quilómetros quadrados a sudoeste de Gaza, Muwasi está no centro de uma batalha acirrada entre Israel e organizações humanitárias internacionais sobre a segurança dos civis do território.

As autoridades israelitas apresentaram Muwasi como uma solução para proteger as pessoas que fugiram das suas casas e procuram abrigo dos intensos combates entre as suas tropas e os militantes do movimento islamita palestiniano Hamas.

As Nações Unidas e grupos de ajuda humanitária salientam, por sua vez, que Muwasi é uma tentativa mal planeada de impor uma solução para as pessoas que foram deslocadas e não oferece nenhuma garantia de segurança num território onde os ataques aéreos contínuos atingem outras áreas designadas como seguras.

"Como pode uma zona ser segura numa zona de guerra se só é decidida unilateralmente por uma parte do conflito?", questionou Philippe Lazzarini, comissário-geral da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA).

"Só pode promover a falsa sensação de que será seguro", alertou.

A área não tem água corrente nem casas de banho, não se encontram grupos humanitários internacionais e de assistência e as tendas proporcionam pouca proteção contra o clima frio e chuvoso do inverno que se aproxima, noticiou a agência Associated Press (AP).

A UNRWA e outras organizações de ajuda internacional não reconhecem o campo e não prestam serviços no local.

No entanto, Muwasi está preparado para desempenhar um papel cada vez mais importante na proteção dos civis de Gaza. Cerca de três quartos dos 2,3 milhões de pessoas do território foram deslocados, em alguns casos múltiplas vezes, desde que Israel lançou a sua guerra em resposta ao ataque sem precedentes, em 07 de outubro, pelo movimento islamita palestiniano contra território israelita.

Israel mencionou pela primeira vez Muwasi como zona humanitária no final de outubro, não sendo claro quantas pessoas as autoridades israelitas, que culpam as Nações Unidas pelas más condições, acreditam que possam viver lá.

O coronel Elad Goren, alto funcionário do órgão militar que supervisiona os assuntos civis palestinianos, adiantou que Israel tem permitido a entrada de abrigos temporários e equipamentos de inverno.

A mesma fonte sublinhou que Israel não espera que toda a população de Gaza se aglomere em Muwasi e que existem 150 "áreas de abrigo" adicionais, incluindo escolas e instalações médicas, que são coordenadas com a ONU e outras organizações.

O Exército considera Muwasi uma zona segura permanente e Elad Goren vincou que as forças israelitas não responderam a dois lançamentos de foguetes do Hamas desde Muwasi na quarta-feira.

"Entendemos que a população precisa de uma solução de onde estar. Queremos incentivar a população a ir para esta zona onde será prestada assistência", garantiu.

As garantias israelitas não têm convencido as autoridades humanitárias internacionais e até os EUA, o aliado mais próximo de Israel, disseram repetidamente que os civis palestinianos precisam de mais proteção.

Israel iniciou uma operação militar contra o Hamas na Faixa de Gaza depois de o movimento islamita, classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Telavive, ter efetuado um ataque em território israelita em 07 de outubro, que provocou cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e mais de 200 reféns.

A retaliação israelita ao enclave palestiniano também incluiu cortes do abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível.

De acordo com o Ministério da Saúde tutelado pelo Hamas, o conflito já provocou mais de 17 mil mortos na Faixa de Gaza.

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