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Guerra no Médio Oriente

Hamas acusa ONU de conivência com Israel na deslocação de civis em Gaza

08 nov, 2023 - 17:16 • Lusa

UNRWA deixou a população palestiniana "sem abrigo, água, alimentos ou tratamento" e fez "orelhas moucas aos gritos de dor e sofrimento", acusa milícia.

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O grupo islamita palestiniano Hamas, que provocou um massacre em solo israelita há um mês, acusou esta quarta-feira a ONU de "clara conivência" com Israel na deslocação forçada de civis na Faixa de Gaza.

"A UNRWA [sigla inglesa da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente] e os seus funcionários são responsáveis por esta catástrofe humana", disse o Hamas em comunicado.

O grupo disse que os elementos da ONU "se curvaram aos ditames" de Israel desde o primeiro momento, "abandonando as suas posições e abdicando da responsabilidade para com centenas de milhares de habitantes" do norte de Gaza.

No comunicado, o chefe de imprensa do Hamas, Salameh Maarouf, denunciou a "clara conivência" da agência da ONU com Israel "e os seus planos de deslocação forçada".

A UNRWA deixou a população palestiniana "sem abrigo, água, alimentos ou tratamento" e fez "orelhas moucas aos gritos de dor e sofrimento", acrescentou, citado pela agência francesa AFP.

O raro ataque do Hamas à agência da ONU surge no momento em que o número de palestinianos que abandonam diariamente o norte da Faixa de Gaza em direção ao sul parece ter aumentado consideravelmente.

Ao longo do dia de hoje, segundo a AFP, milhares de palestinianos desesperados fugiram a pé do norte da Faixa de Gaza.

O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários disse hoje que cerca de 15.000 pessoas fugiram na terça-feira, em comparação com 5.000 na segunda-feira e 2.000 no domingo.

De acordo com a ONU, cerca de 1,5 milhões de habitantes de Gaza abandonaram as suas casas desde o início da guerra.

A UNRWA fornece educação, saúde e serviços sociais, microfinanciamento, melhorias nos campos e assistência de emergência a milhões de refugiados que vivem na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, na Jordânia, no Líbano e na Síria.

Os serviços destinam-se aos mais necessitados entre os refugiados, palestinianos que foram obrigados a abandonar a terra natal aquando da criação do Estado de Israel em 1948.

Juntamente com os descendentes, constituem hoje cerca de 80% dos 2,3 milhões de habitantes da Faixa de Gaza, segundo dados da UNRWA.

A agência da ONU afirma que já não pode ajudar dezenas de milhares de pessoas deslocadas, que se refugiam nas escolas que gere no norte da Faixa de Gaza, desde que Israel ordenou a saída da população para o sul nos primeiros dias da guerra com o Hamas.

De acordo a UNRWA, 89 dos seus funcionários foram mortos na Faixa de Gaza desde o início da ofensiva militar israelita, em represália ao ataque do movimento islamita em Israel, em 07 de outubro.

Segundo Israel, morreram pelo menos 1.400 pessoas, a maioria das quais civis mortos no mesmo dia do ataque do Hamas, que ainda fez mais de duas centenas de reféns.

Mais de 10.500 pessoas foram mortas nos bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, a grande maioria civis, segundo o Hamas.

A diretora regional do Fundo das Nações Unidas para a População para os Estados Árabes, Laila Baker, disse hoje estar "sem palavras para descrever a situação catastrófica no terreno e a perda de humanidade total" a que se assiste em Gaza.

"É uma brutalidade sem precedentes e sem paralelo na história da humanidade nos últimos tempos", afirmou, citada pela publicação 'online' Middle East Monitor.

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