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Tentativas de censura de livros em bibliotecas nos EUA duplicaram em 2022

24 mar, 2023 - 16:08 • Lusa

58% das exigências visavam livros e materiais nas bibliotecas escolares e 41% obras em bibliotecas públicas.

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O número de pedidos para censurar livros em bibliotecas dos EUA em 2022 atingiu o valor mais alto de sempre, focando-se principalmente em livros sobre as comunidades LGBTQIA+ e pessoas de cor, anunciou a Associação Americana de Bibliotecas.

No total, no ano passado, foram feitas 1.269 solicitações para que livros fossem retirados de bibliotecas dos Estados Unidos da América (EUA), o que quase duplicou o número de 2021, revelou aquela associação, em comunicado divulgado na quarta-feira.

O número de livros que foram alvo destes pedidos foi de 2.571, um aumento de 38% face ao ano anterior, sendo que “a vasta maioria destas obras foi escrita por ou sobre membros da comunidade LGBTQIA+ e pessoas de cor”.

De acordo com o mesmo comunicado, 58% das exigências visavam livros e materiais nas bibliotecas escolares e 41% obras em bibliotecas públicas.

“O uso prevalente de listas de livros compiladas por grupos organizados de censura contribuiu de forma significativa para o número exponencial de livros postos em causa […]. Do número total de obras questionadas, 90% fizeram parte de tentativas de censurar múltiplos títulos”, realçou a associação.

A diretora do gabinete da Associação Americana de Bibliotecas para a Liberdade Intelectual, Deborah Caldwell-Stone, esclareceu, citada no mesmo texto, que “colocar um livro em causa é exigir que seja removido da coleção de uma biblioteca para que mais ninguém o possa ler”.

“Na grande maioria, estamos a ver estes desafios a virem de grupos organizadores de censura que fazem alvo sobre reuniões de administrações de bibliotecas locais para exigir a remoção de longas listas de livros que partilham nas redes sociais”, acrescentou, sublinhando que o objetivo “é suprimir as vozes dos tradicionalmente excluídos das conversas a nível nacional, como as pessoas da comunidade LGBTQIA+ ou pessoas de cor”.

A presidente da Associação Americana de Bibliotecas, Lessa Kanani'opua Pelayo-Lozada, lembrou que aquela instituição “começou a documentar a colocação em causa de livros há mais de duas décadas porque queria situar o foco sobre a ameaça de censura que leitores e comunidades inteiras enfrentam”.

Em setembro do ano passado, o centro norte-americano da rede literária internacional PEN divulgou um relatório, intitulado “Banido nos EUA”, que tinha registado 2.532 casos de livros a serem banidos entre junho de 2021 e o mesmo mês de 2022.

Dos livros visados, 41% incluíam personagens ou temas ligados à comunidade LGBTQIA+ e 40% personagens de cor, enquanto 22% incluíam algum tipo de conteúdo sobre questões sexuais e 21% sobre raça e racismo.

De acordo com o relatório do PEN America, três em cada quatro livros abrangidos pela censura eram de ficção, sendo quase metade para jovens adultos, enquanto 19% eram livros para públicos mais novos. Apenas 11% eram livros dirigidos a adultos.

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