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Mais de 41 mil mortos na Turquia e Síria. É o 5.º sismo mais mortal do século XXI

14 fev, 2023 - 19:39 • Diogo Camilo

Autoridades avaliaram os danos na Turquia em mais de 78 mil milhões de euros, cerca de 10% da riqueza do país. OMS classificou os terramotos como o “maior desastre natural no continente europeu do último século".

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Mais de uma semana após os sismos que abalaram Turquia e Síria, continuam a ser encontrados sobreviventes. Esta terça-feira foram resgatadas com vida sete pessoas, que estiveram entre os escombros durante mais de 200 horas.

O desastre, que fez mais de 41 mil vítimas mortais nos dois países, é já o quinto sismo mais mortal do século XXI. Acima apenas o sismo e tsunami de 2004 na Indonésia, que fez mais de 227 mil mortes, o sismo no Haiti, em 2010, com mais de 222 mil óbitos, o sismo em Sichuan, na China, no ano de 2008, e o sismo no Paquistão, em 2003, que fizeram cerca de 87 mil mortos.

Entre as sete pessoas resgatadas com vida esta terça-feira estão dois irmãos, com 17 e 21 anos, que foram retirados de um bloco de apartamentos em Kahramanmaras, na Turquia, e uma mulher que estava nos escombros de um edifício destruído, em Antáquia.

O sismo que abalou o sul da Turquia e norte da Síria, a 6 de fevereiro, é já o mais mortal nos últimos 100 anos da Turquia, ultrapassando o sismo em Erzincan, em 1939, que resultou na morte de mais de 32.700 pessoas.

O último balanço da Turquia regista pelo menos 35.418 mortes, além de mais de 5.800 na Síria, mas o número pode continuar a aumentar nos próximos dias.

Esta terça-feira, as Nações Unidas indicaram que as fases de buscas e salvamento estão a chegar ao fim, numa altura em que se torna cada vez mais difícil encontrar sobreviventes.

Segundo especialistas, e dependendo de eventuais lesões na altura do sismo, é raro uma pessoa conseguir sobreviver mais do que cinco a sete dias após um desastre natural deste tipo. A maioria dos resgates acontece 24 horas após o terramoto e as percentagens de sobrevivência baixam a cada dia que passa.

Um estudo de 2017 da Universidade Autónoma do México, que reuniu dados de dezenas de sismos no último século, concluiu que a percentagem de encontrar sobreviventes cai abruptamente a partir do quinto dia e é quase nula a partir do nono dia após o sismo.

Entre os sismos observados, o caso de sobrevivência durante mais tempo foi de 14 dias após o sismo.

Países como a Alemanha e a Áustria já suspenderam as buscas na região, por razões de segurança.

Cidades como Kahramanmaras, na Turquia, ficaram completamente destruídas após o sismo. O gráfico acima mostra a devastação após os terramotos, com o estádio local a ser transformado num parque de campismo, com tendas de assistência aos sobreviventes.

Ao todo, 23 milhões de pessoas foram afetadas pelos sismos, com mais de 12 mil edifícios a ficarem destruídos ou danificados.

Autoridades avaliaram os danos na Turquia em mais de 78 mil milhões de euros, ou seja, cerca de 10% da riqueza do país, estimando que o número total de mortes ultrapasse os 72 mil.

O primeiro sismo foi sentido perto da cidade de Gaziantep, com uma magnitude de 7.8, pelas 4h17 locais (1h17 em Lisboa), registando-se quase 650 réplicas nos dias seguintes.

Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, dois foram de magnitude entre 7 a 8, três de magnitude entre 6 e 7 e mais de 100 com magnitude acima de 4.

Esta terça-feira, o diretor regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa, Hans Kluge, classificou os terramotos como o “maior desastre natural no continente europeu do último século”, indicando que só agora está a ser conhecida a “magnitude” da catástrofe.

Em conferência de imprensa, Hans Kluge acrescentou que há cerca de 26 milhões de pessoas em ambos os países a precisar de ajuda humanitária e, segundo as autoridades turcas, “quase um milhão perdeu as respetivas casas e vive em abrigos temporários”.

A estes números, a agência das Nações Unidas junta ainda as cerca de 80.000 pessoas que estão em hospitais e que “colocam uma enorme pressão sobre todo o sistema de saúde, já muito danificado pelo desastre”.

Perante tal situação, o diretor regional da OMS lançou um apelo à comunidade internacional para angariar 43 milhões de dólares (cerca de 40 milhões de euros) para apoiar a resposta aos terramotos na Turquia e na Síria.

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