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ONG alerta para situação dramática das crianças na República Democrática do Congo

02 fev, 2023 - 08:50 • Olímpia Mairos

Segundo o diretor nacional da Save the Children, “a situação humanitária na República Democrática do Congo é terrível” devido à escalada da violência, destacando que “os menores desacompanhados ou abandonados, sem familiares, correm maior risco de abuso”.

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A organização humanitária britânica Save the Children alerta, em comunicado, para a escalada da violência na República Democrática do Congo, que atinge sobretudo as crianças.

De acordo com a organização não-governamental mais de 122 mil pessoas teriam fugido das suas casas um dia depois de mais uma escalada de conflito na província de Kivu do Norte, deixando milhares de crianças vulneráveis a abusos.

“Confrontos armados entre o grupo armado M23 e as FARDC (Forças Armadas da República Democrática do Congo) em áreas próximas a Kitshanga, a cerca de 60 km a oeste de Goma, entre 24 e 25 de janeiro provocaram deslocamentos em massa, cujo número tende a aumentar com a continuação do conflito”, explica em comunicado, sinalizando que mais de metade dos deslocados que fogem de Kitshanga são crianças.

A organização diz estar “muito preocupada porque esses menores são vulneráveis a abusos”, denunciando que “a última escalada de violência ocorreu quando o Papa Francisco chegou à República Democrática do Congo para levar uma mensagem de paz e reconciliação a um país abalado pelo conflito”.

“Enquanto a intensificação do conflito está a causar o deslocamento em massa, noutras partes do leste da República Democrática do Congo, pessoas são mortas e arrancadas das suas casas numa onda alarmante de ataques a civis”, alerta a Save the Children.

“Segundo as Nações Unidas, mais de 200 civis foram mortos por grupos armados em Ituri nas últimas seis semanas, 2.000 casas foram destruídas e 80 escolas foram fechadas ou demolidas. Os estabelecimentos de saúde foram saqueados, tornando o acesso aos cuidados de saúde cada vez mais difícil”, acrescenta a organização.

“Situação humanitária terrível”

Já o diretor nacional da Save the Children na República Democrática do Congo, Amavi Akpamagbo, defende que “os violentos confrontos e ataques a civis, incluindo crianças, devem parar” e exige que os ataques sejam investigados.

“Estamos a testemunhar uma escalada significativa do conflito entre o grupo armado M23 e as FARDC, que continua a causar deslocamentos populacionais em massa. Também vemos ataques cruéis de outros grupos armados, matando e mutilando civis, incluindo crianças, de forma extremamente violenta. Esses ataques contra civis devem ser investigados e os responsáveis devem ser responsabilizados pelas violações e assassinatos de crianças e outros civis”, defende Akpamagbo.

Segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados, cerca de 5,5 milhões de pessoas deslocadas vivem na República Democrática do Congo, num país com cerca de 95 milhões de habitantes. Alguns dormem ao ar livre, enquanto outros são encontrados em acampamentos, muitas vezes em condições de superlotação e sem saneamento básico, levando a surtos de doenças transmitidas pela água, como a cólera.

No mês passado, a Save the Children alertou para o aumento dos casos de cólera em Nyirangongo, a região que abriga o maior número de pessoas deslocadas pela recente escalada do conflito, com crianças representando quase quatro em cada cinco casos.

“A situação humanitária na República Democrática do Congo é terrível”, lamenta Akpamagbo, destacando que “a maioria dos deslocados está em condições precárias. Moram em escolas e estádios e outros são acolhidos por famílias onde não têm água potável nem comida. As crianças deslocadas são vulneráveis. Os menores desacompanhados ou abandonados, sem familiares, correm maior risco de abuso”.

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