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PSP investiga caso das agressões a menino nepalês de nove anos

16 mai, 2024 - 12:52 • João Carlos Malta

Polícia afirma que está a recolher toda a informação que possa estar associada a esta situação para que o Ministério Público possa decidir se abre investigação. Entretanto, tal como havia sido prometido pela ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, a PSP afirma que o policiamento nas escolas já foi reforçado.

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A PSP está a investigar o caso das agressões ao menino nepalês de nove anos atacado por colegas numa escola de Lisboa. Esta situação foi denunciada pelo Centro Padre Alves Correia, na Renascença, através da diretora-geral daquela instituição, Ana Mansoa.

“A Polícia está a recolher toda a informação que possa estar associada a esta situação, para que possamos dar notícia, é essa nossa competência, ao Ministério Público, que depois decidirá se abre ou não a investigação relativamente ao caso ocorrido”, explica o responsável da comunicação da direção nacional da PSP, o subintendente Sérgio Soares.

Tal como havia sido prometido pela ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, a PSP afirma que o policiamento nas escolas já foi reforçado na sequência do conhecimento deste caso.

“O nosso trabalho preventivo é, por um lado, através do aumento da presença policial nas escolas a do nosso país, através dos polícias do modelo integrado de policiamento de proximidade, principalmente das equipas do programa escola Segura”, revela o subintendente Sérgio Soares.

Por outro lado, o mesmo responsável da PSP explica à Renascença que em matéria de prevenção ao longo do ano de letivo, a Polícia faz “quatro operações nacionais”, nas temáticas da não discriminação, da tolerância, da diversidade, da inclusão e da multiculturalidade.

E acrescenta que como “estamos também a chegar ao final do ano letivo”, a PSP “vai reforçar a presença na escola” e vai seguir eventuais conflitos pré-existentes no período de férias.

“Em articulação com as escolas de todo o país, vamos de forma proativa incrementar e sinalizar eventuais situações de conflito que estejam a acontecer e que possam perdurar também durante o período das férias escolares”, sublinha o subintendente Sérgio Soares.

O Polícia acrescenta que vai também fazer a “monitorização nas redes sociais” deste tipo de situação.

Na terça-feira, a Renascença noticiou que um menino de nove anos, de nacionalidade nepalesa, foi agredido com violência por outros colegas numa escola de Lisboa, no início deste ano.

A denúncia foi feita à Renascença pela diretora executiva de uma instituição da igreja, o Centro Padre Alves Correia (CEPAC), e Ana Mansoa considera que as motivações dos outros menores foram xenófobas e racistas.

O caso ocorreu há cerca de dois meses. “O filho de uma senhora acompanhada pelo CEPAC, que tem nove anos, e que é uma criança nepalesa, foi vítima de linchamento no contexto escolar por parte dos colegas. Foi filmado e divulgado nos grupos do WhatsApp das crianças”, descreveu Ana Mansoa que preferiu não divulgar o agrupamento em que tudo aconteceu uma vez que a família ainda recorda a sucedido com medo e apreensão.

Segundo a mesma responsável, o ataque foi feito por cinco colegas da vítima, sendo que um dos agressores foi mais interventivo do que os outros nas agressões físicas, ao qual se juntou um sexto elemento que filmou as agressões para depois serem partilhados nas redes sociais.

“Foi muito grave e com um impacto muito grande, não só no bem-estar físico, mas também emocional e psicológico desta família, que acabou por pedir transferência da escola e acabamos por conseguir concretizá-la para a segurança da criança”, avança a mesma fonte.

Ana Mansoa diz que o menino ficou com “hematomas pelo corpo todo”, “feridas abertas”. “Acabaram por ser tratadas pela mãe porque teve medo e quis evitar ir a um hospital ou centro de saúde. Isto acaba por ter estas consequências, estas agressões físicas, para estas pessoas, acabam por lhes dar a perceção de que não são bem-vindas, não são bem tratadas e não são bem acolhidas”, relatou.

Em relação ao menor de nove anos, as sequelas psicológicas continuam. “O menino acorda de noite com pesadelos e a chorar, não quer ir para a escola”, disse a diretora executiva da instituição da Igreja, Centro Padre Alves Correia, que pertence aos Missionários do Espírito Santo, uma congregação missionária que trabalha sobretudo em África.

Ana Mansoa afirmou que a criança foi agredida também verbalmente com “nomes que não posso proferir”, a que se somaram frases como “vai para a tua terra”, “tu não és daqui”, “não queremos nada contigo” e “mais coisas que não posso dizer”.

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